Mas um dia eu me levantei e comecei a falar alguns trechos de uma peça grega antiga, que estava nos meus textos da faculdade, que como vocês, Anjos, devem ter notado, abandonei. Comecei a interpretar Édipo... Quando acabei, uma senhora se aproximou, me deu dez reais e disse que finalmente eu tinha me achado, disse que o teatro era a expressão que eu procurava... Não entendi bem, mas que era verdade que eu me senti feliz como me sentia nas palavras da Italiana ou no corpo da Lingüista, era... Aceitei o dinheiro, porque precisava comer, pela primeira vez em muito tempo senti fome, fome de comida e fome de vida! Meus Anjos, era fantástico, eu estava vivo! Redescobrir a vida correndo em mim era fabuloso!
Desse dia em diante, transformei o ponto de ônibus onde eu vivia em teatro. Eu passei a representar todo dia alguns pedaços de peças famosas, somente os pedaços que sabia de cor, mas o povo parava pra me ver... Certo que alguns me achavam louco, mas não se pode agradar a todos... E outras pessoas me davam dinheiro achando, indiscretamente, que eu fazia aquilo para pedir esmola, eu aceitava o dinheiro e com ele comprava comida e dividia com alguns moradores de rua que ficavam por ali. Outras pessoas, que me entendiam um pouco mais, vinham me perguntar porque um cara vestido como eu e com meu talento vivia e se apresentava na rua... Eu respondia, sempre em voz doce, que eu estava me purificando e me reconciliando com o amor e com a vida.
Aos poucos, comecei a criar papeis pra alguns dos meus companheiros e para mim também, juntando-os em uma só peça. Era uma forma de deixar para eles algo de valor, para o caso de eu ir embora, assim eles poderiam continuar, ao menos, conseguindo comida honestamente.
Parece até que estava prevendo que eu ia mesmo sair dali. Foi numa tarde de Maio, eu estava encenando uma parte de um monologo, um Stand up, era a primeira parte de uma peça dos “Mendigos do ponto 22”(nome que o povo do bairro deu pro nosso grupo), quando uma moça invadiu a cena e começou a contracenar comigo. Meus Anjos, foi perfeito! Nunca tínhamos nos visto, mas parecia que havíamos ensaiado um ano. Desconfio que foi um de vocês, Anjos, que me levou aquela moça com uma sintonia tão perfeita comigo. Uma atriz!
Minha razão de viver tocar a alma com os dedos das palavras. Carinhos ou tapas, depende de quem lê
sábado, 29 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
O Retorno de Saturno (parte 9)
Eu me sentei naquele banco com vontade de morrer. Sabia que se ficasse ali sem comer, morreria de fome, isso, se não viessem alguns marginais da classe alta me atear fogo ou me matar a bala, tanto fazia... Naquela hora não me importava mais com nada, meus Anjos, era puro desespero. Sentado ali, parado e mudo, em estado catalítico. Parecia uma estatua, estava frio, gelado, distante... Fiquei nesse estado durante alguns dias, durante os quais via e ouvia tudo o que acontecia ao meu redor, mas não reconhecia rostos nem vozes, enxergava os fatos. Um assalto à mão armada; um seqüestro; um assassinato; um estupro; uma criança foi atirada do sexto andar de um prédio próximo; outra, de apenas três anos, fora espetada com agulhas de tricô num ritual de magia negra; outra fora abusada por um padre; outra, de apenas dois anos, foi espancada pela mulher que pretendia adotá-la, outra foi arrastada presa no cinto de segurança por alguns quilômetros num roubo de carro; marginais atearam fogo num índio que dormia do outro lado da rua; professores protestavam por melhores salários; a polícia invadiu a faculdade para conter uma greve dos alunos, remontando a ditadura militar; um cachorro foi atropelado; uma pomba morreu de velhice na minha frente; a novela nova começou... Eu não vi tudo isso, claro; algumas destas histórias eu ouvia o povo do ponto de ônibus comentar sobre o que passava na tv... E eu ali, indiferente.
Tudo isso, todas estas histórias, reais ou não, passaram diante de mim e eu não fiz nada! Não tinha força, não sabia o que fazer, vivia meu drama existencial, minha culpa e minha saudade das minhas garotas. Se Vitória algum dia me viu ali, eu não sei, eu não a vi e nem escutei sua voz...
Tudo isso, todas estas histórias, reais ou não, passaram diante de mim e eu não fiz nada! Não tinha força, não sabia o que fazer, vivia meu drama existencial, minha culpa e minha saudade das minhas garotas. Se Vitória algum dia me viu ali, eu não sei, eu não a vi e nem escutei sua voz...
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Deixo A Noite Entrar (Para um VERDADEIRO AMOR)
A porta fechada.
A luz ilumina as fotos, os troféus, as medalhas e o ninho.
Me vejo refletido no vidro da janela,
Dentro de mim há uma cidade escura...
Onde brilham algumas lâmpadas acesas...
Algumas estrelas que caíram do céu.
Me distraio a procurar um sentido além do meu olhar...
Nas ruas da cidade, nas luzes da avenida,
Nos carros que passam na rodovia,
Nas casas do bairro em frente...
Procuro abrir meu coração pra mim mesmo...
Procuro algum amor dentro de mim!
Me perco no trânsito dos meus pensamentos,
Me traio na colisão dos meus desejos e emoções,
O reflexo da minha solidão é um olhar assustado
De quem quer amar sem coragem de ser assaltado,
De quem perdeu a chave de casa,
De quem esqueceu de abrir os portões,
De quem já se derrete em lágrimas antevendo os lamentos,
De quem já sabe que perdeu a estrela gêmea de sua vida,
De quem agora se arrisca nas esquinas, procurando outra partida!
Meu reflexo me olha com medo de mim,
Me olha sem saber que conselho me dar...
Se tenho o que quero, falta alguma coisa,
Se não tenho, qualquer coisa serve!
Há tempos me perdi no catálogo...
Há tempos desisti de me encontrar refletido nos olhos de alguém,
Há tempos desisti de me encontrar em alguém,
Há tempos desisti de me encontrar em qualquer lugar,
Há tempos desisti de me encontrar,
Há tempos desisti de mim.
E quando algum deus resolve fazer caridade,
Eu aceito a esmola sabendo que não vai durar nada,
Mesmo que seja o que eu mais queira:
A mulher que reúne em si tudo o que mais prezo,
O motivo pelo qual eu me ajoelho e rezo.
O reflexo me acusa de falso
E eu respondo que é tentativa,
Quero me encontrar de verdade,
Nem que para isso tenha que desistir do amor,
Nem que para isso tenha que derrubar minha casa
E reconstruir-me tijolo por tijolo!
Quero acreditar que tudo pode acabar bem...
Quero acreditar que posso ser feliz...
Não, não, não. Quero acreditar que milagres são naturais
E que cedo ou tarde a minha estrela aparecerá!
O reflexo do meu olhar foge de mim...
Vejo no horizonte, nas asas de um anjo,
A Noite passando devagar...
A Lua abençoando meus amores,
O Vento soprando meus pesadelos,
O Sereno lavando as ruas de meu coração
E um Raio cortando meu medo pela raiz...
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
E enxugar meus olhos!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Me trazendo a calma!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Nos reflexos de meus óculos!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Nos sonhos da minha alma!
Abro a janela
E deixo a Noite entrar
Pura e sem reflexos!
Edgar Izarelli de Oliveira
A luz ilumina as fotos, os troféus, as medalhas e o ninho.
Me vejo refletido no vidro da janela,
Dentro de mim há uma cidade escura...
Onde brilham algumas lâmpadas acesas...
Algumas estrelas que caíram do céu.
Me distraio a procurar um sentido além do meu olhar...
Nas ruas da cidade, nas luzes da avenida,
Nos carros que passam na rodovia,
Nas casas do bairro em frente...
Procuro abrir meu coração pra mim mesmo...
Procuro algum amor dentro de mim!
Me perco no trânsito dos meus pensamentos,
Me traio na colisão dos meus desejos e emoções,
O reflexo da minha solidão é um olhar assustado
De quem quer amar sem coragem de ser assaltado,
De quem perdeu a chave de casa,
De quem esqueceu de abrir os portões,
De quem já se derrete em lágrimas antevendo os lamentos,
De quem já sabe que perdeu a estrela gêmea de sua vida,
De quem agora se arrisca nas esquinas, procurando outra partida!
Meu reflexo me olha com medo de mim,
Me olha sem saber que conselho me dar...
Se tenho o que quero, falta alguma coisa,
Se não tenho, qualquer coisa serve!
Há tempos me perdi no catálogo...
Há tempos desisti de me encontrar refletido nos olhos de alguém,
Há tempos desisti de me encontrar em alguém,
Há tempos desisti de me encontrar em qualquer lugar,
Há tempos desisti de me encontrar,
Há tempos desisti de mim.
E quando algum deus resolve fazer caridade,
Eu aceito a esmola sabendo que não vai durar nada,
Mesmo que seja o que eu mais queira:
A mulher que reúne em si tudo o que mais prezo,
O motivo pelo qual eu me ajoelho e rezo.
O reflexo me acusa de falso
E eu respondo que é tentativa,
Quero me encontrar de verdade,
Nem que para isso tenha que desistir do amor,
Nem que para isso tenha que derrubar minha casa
E reconstruir-me tijolo por tijolo!
Quero acreditar que tudo pode acabar bem...
Quero acreditar que posso ser feliz...
Não, não, não. Quero acreditar que milagres são naturais
E que cedo ou tarde a minha estrela aparecerá!
O reflexo do meu olhar foge de mim...
Vejo no horizonte, nas asas de um anjo,
A Noite passando devagar...
A Lua abençoando meus amores,
O Vento soprando meus pesadelos,
O Sereno lavando as ruas de meu coração
E um Raio cortando meu medo pela raiz...
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
E enxugar meus olhos!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Me trazendo a calma!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Nos reflexos de meus óculos!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Nos sonhos da minha alma!
Abro a janela
E deixo a Noite entrar
Pura e sem reflexos!
Edgar Izarelli de Oliveira
O Retorno de Saturno (parte 8)
Meus Anjos, foi aí que eu me lembrei que Stella me ligava todo dia nem que fosse só para dizer “Lucas, eu te amo, fica com Deus e com os anjos! Beijos”. Por mais ocupada, estressada ou cansada que estivesse, ela me ligava, ela sabia que eu precisava dela e queria estar sempre comigo, fazia questão de me ligar só para me desejar boa noite quando ela não estava comigo e sempre inventava um jeito poético pra dizer isso. Stella é uma poetisa de mão cheia, e nossa relação suportava tudo justamente por causa da poesia dela que não deixava a distancia nos separar. Sabem, Anjos, as palavras, por mais abstratas que sejam, constroem coisas mais resistentes ao tempo! Mas agora era tarde, eu já havia fugido das palavras doces, rumo ao físico ardente.
Depois de dois meses de trabalho, fui demitido e Deus, não contente, resolveu que ia acabar com minha vida sem me matar. Nesse mesmo dia, quando cheguei em casa, Vitória me deu um beijo na testa, me entregou uma mala com minhas roupas passadas, roupas que ela havia me dado, e disse numa voz que eu nunca tinha ouvido, uma voz de amor morto:
- Não dá mais, Lucas. Eu preciso de alguém que me ame de verdade... e acho que já encontrei essa pessoa. Desculpe, mas acabou. Na mala tem algum dinheiro pra você e as roupas que te dei. Podemos ser amigos?
Eu congelei, meus Anjos! Juro que entre as mil coisas que passaram na minha cabeça, matar Vitória estava fora de cogitação. Pensei em bater nela, mas além da boa educação que minha mãe me dera, fiquei com dó de estragar aquele rosto tão perfeito. Fiquei ali, parado, pensando em tudo que estava acontecendo e no que já havia acontecido, ela estava me expulsando da casa dela, pior, ela estava me expulsando dos amores dela, que ela mesma tinha prometido que iam me proteger, eu não tinha pedido pra ficar com ela, ela que havia insistido tanto pra eu fugir do meu casamento para me ter só para si. E agora ela me jogava na rua assim? Mas o que eu podia fazer? Fiz o que podia, mas não sei se fiz certo. Eu abri a mala, peguei meu terno de casamento, me troquei na frente de Vitória, peguei alguns textos da faculdade, coloquei-os num saco plástico, devolvi a mala e disse numa voz brava, mas fria:
- Eu já sabia que ia acabar assim. Não preciso de nada que você queira me dar agora, fica com essas coisas! Eu sabia... Sabia que éramos pra ter sido apenas amantes. Seria melhor, mas você me quis inteiramente pra si, eu me entreguei, pra que? Pra ser jogado fora desse jeito?
- Lucas, não fale assim... Eu tenho grande estima por você, acredite, eu me sinto lisonjeada por ter sido namorada de uma pessoa tão especial quanto você. Eu amo você de varias formas independentes uma da outra e com a mesma intensidade imperial, como você diria, é por isso que não quero e não posso te deixar sem nada como eu te trouxe... Leva pelo menos o dinheiro, Lucas...- disse ela tentando reinventar a voz amorosa de quando ronronava nos meus braços.
- Eu levarei as lembranças da nossa felicidade, só isso... Se já não podes me amar, Vitória, não quero mais nada de você, meu amor... Não me dê esmolas, eu não preciso, adeus, minha Rainha.
E saí. Sim, Anjos, eu saí... De novo vestido para casar. De novo deixando tudo pra trás, de novo chorando... Só que dessa vez não tinha com quem ou para onde ir, não podia voltar pra minha cidade, não depois de ter deixado uma mulher como Stella no altar, até minha mãe não devia mais querer me ver, devia morrer de vergonha; bom eu estava morrendo de vergonha... Não tinha ônibus também, não tinha muito dinheiro, não dava nem para pegar uma vã... Mas, mesmo assim, minhas pernas me levaram lentamente a um ponto de ônibus, bem conservado, ao menos ainda tinha teto.
Depois de dois meses de trabalho, fui demitido e Deus, não contente, resolveu que ia acabar com minha vida sem me matar. Nesse mesmo dia, quando cheguei em casa, Vitória me deu um beijo na testa, me entregou uma mala com minhas roupas passadas, roupas que ela havia me dado, e disse numa voz que eu nunca tinha ouvido, uma voz de amor morto:
- Não dá mais, Lucas. Eu preciso de alguém que me ame de verdade... e acho que já encontrei essa pessoa. Desculpe, mas acabou. Na mala tem algum dinheiro pra você e as roupas que te dei. Podemos ser amigos?
Eu congelei, meus Anjos! Juro que entre as mil coisas que passaram na minha cabeça, matar Vitória estava fora de cogitação. Pensei em bater nela, mas além da boa educação que minha mãe me dera, fiquei com dó de estragar aquele rosto tão perfeito. Fiquei ali, parado, pensando em tudo que estava acontecendo e no que já havia acontecido, ela estava me expulsando da casa dela, pior, ela estava me expulsando dos amores dela, que ela mesma tinha prometido que iam me proteger, eu não tinha pedido pra ficar com ela, ela que havia insistido tanto pra eu fugir do meu casamento para me ter só para si. E agora ela me jogava na rua assim? Mas o que eu podia fazer? Fiz o que podia, mas não sei se fiz certo. Eu abri a mala, peguei meu terno de casamento, me troquei na frente de Vitória, peguei alguns textos da faculdade, coloquei-os num saco plástico, devolvi a mala e disse numa voz brava, mas fria:
- Eu já sabia que ia acabar assim. Não preciso de nada que você queira me dar agora, fica com essas coisas! Eu sabia... Sabia que éramos pra ter sido apenas amantes. Seria melhor, mas você me quis inteiramente pra si, eu me entreguei, pra que? Pra ser jogado fora desse jeito?
- Lucas, não fale assim... Eu tenho grande estima por você, acredite, eu me sinto lisonjeada por ter sido namorada de uma pessoa tão especial quanto você. Eu amo você de varias formas independentes uma da outra e com a mesma intensidade imperial, como você diria, é por isso que não quero e não posso te deixar sem nada como eu te trouxe... Leva pelo menos o dinheiro, Lucas...- disse ela tentando reinventar a voz amorosa de quando ronronava nos meus braços.
- Eu levarei as lembranças da nossa felicidade, só isso... Se já não podes me amar, Vitória, não quero mais nada de você, meu amor... Não me dê esmolas, eu não preciso, adeus, minha Rainha.
E saí. Sim, Anjos, eu saí... De novo vestido para casar. De novo deixando tudo pra trás, de novo chorando... Só que dessa vez não tinha com quem ou para onde ir, não podia voltar pra minha cidade, não depois de ter deixado uma mulher como Stella no altar, até minha mãe não devia mais querer me ver, devia morrer de vergonha; bom eu estava morrendo de vergonha... Não tinha ônibus também, não tinha muito dinheiro, não dava nem para pegar uma vã... Mas, mesmo assim, minhas pernas me levaram lentamente a um ponto de ônibus, bem conservado, ao menos ainda tinha teto.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
O Retorno de Saturno (parte 7)
Talvez tenha sido essa a razão que levou minha Rainha a pedir férias, ou vai ver que ela caiu de rendimento por passar as noites acordada comigo e o patrão deu as férias pra ela... Como disse há pouco, nossa comunicação verbal era precária, não nos dávamos o tempo necessário para os detalhes, nossas frases eram sucintas e diretas. Lembro daquela noite como se tivesse acabado de acontecer... Vitória chegou, caiu no meu colo como de costume, depois de meia hora de carinhos bem quentes ela disse, toda sorridente, pra gente ir tomar banho, e quando perguntei por que...
- Lucas, você não entendeu, meu querido?? Vamos sair! Estou de férias!
- Ah! Agora sim, meu amor! Ainda não entendo bem essa sua língua de contato corporal... Você inventou uma língua muito complicada, minha Lingüista...
- É simples. – disse ela rindo – Quanto mais quente for o carinho, melhor e mais romântica a informação... Claro que pontos do corpo e maneira de tocar diferentes são informações diferentes, e a seqüência de carícias forma o sentido completo.
- Pois então, tenho uma coisa pra te tocar!
Era genial, ela era incrível, eu a cada dia me surpreendia mais... Ela havia criado uma língua só pra nós! Peguei-a pela mão e a levei para o banheiro, tirei sua roupa bem devagar e a cobri da cabeça aos pés com beijos ardentes, deixei a boca por ultimo e quando a beijei demorei bem uns quinze minutos para parar. Eu disse: “Eu te amo na sua completude!” e ela fez o mesmo depois. Enfim tomamos banho, nos vestimos com a mesma roupa do meu casamento, ela por gosto, sabia e queria me seduzir mais ainda; eu porque ainda não tinha outra melhor; e saímos. Fomos jantar, depois ao teatro, depois dançamos numa festa e quando chegamos em casa não dormimos, ainda tínhamos energia a vontade, ficamos conversando na nossa língua intima.
Tivemos uma semana de felicidade pura, saiamos de manhã voltávamos de madrugada que passava em luz de amores! Meus Anjos, era o paraíso! Mas a faculdade atrapalhou tudo, de novo... Recomeçaram as aulas, as nossas noites viraram estudos, ainda tínhamos o dia, mas ela também teve que voltar a trabalhar. Bom, eu também arrumei um emprego temporário, numa loja de shopping, o problema é que trabalhava até no domingo... Eu e Vitória já nem passávamos de beijinhos de oi, o ritual da despedida foi bem reduzido por falta de tempo... Algum tempo depois, não haviam mais beijos e como nossa relação não era baseada em palavras não nos falávamos mais de maneira nenhuma. A distância da realeza me trouxe a saudade da estrela, aquela que me guiava pelo mar da minha vida mesmo de longe...
- Lucas, você não entendeu, meu querido?? Vamos sair! Estou de férias!
- Ah! Agora sim, meu amor! Ainda não entendo bem essa sua língua de contato corporal... Você inventou uma língua muito complicada, minha Lingüista...
- É simples. – disse ela rindo – Quanto mais quente for o carinho, melhor e mais romântica a informação... Claro que pontos do corpo e maneira de tocar diferentes são informações diferentes, e a seqüência de carícias forma o sentido completo.
- Pois então, tenho uma coisa pra te tocar!
Era genial, ela era incrível, eu a cada dia me surpreendia mais... Ela havia criado uma língua só pra nós! Peguei-a pela mão e a levei para o banheiro, tirei sua roupa bem devagar e a cobri da cabeça aos pés com beijos ardentes, deixei a boca por ultimo e quando a beijei demorei bem uns quinze minutos para parar. Eu disse: “Eu te amo na sua completude!” e ela fez o mesmo depois. Enfim tomamos banho, nos vestimos com a mesma roupa do meu casamento, ela por gosto, sabia e queria me seduzir mais ainda; eu porque ainda não tinha outra melhor; e saímos. Fomos jantar, depois ao teatro, depois dançamos numa festa e quando chegamos em casa não dormimos, ainda tínhamos energia a vontade, ficamos conversando na nossa língua intima.
Tivemos uma semana de felicidade pura, saiamos de manhã voltávamos de madrugada que passava em luz de amores! Meus Anjos, era o paraíso! Mas a faculdade atrapalhou tudo, de novo... Recomeçaram as aulas, as nossas noites viraram estudos, ainda tínhamos o dia, mas ela também teve que voltar a trabalhar. Bom, eu também arrumei um emprego temporário, numa loja de shopping, o problema é que trabalhava até no domingo... Eu e Vitória já nem passávamos de beijinhos de oi, o ritual da despedida foi bem reduzido por falta de tempo... Algum tempo depois, não haviam mais beijos e como nossa relação não era baseada em palavras não nos falávamos mais de maneira nenhuma. A distância da realeza me trouxe a saudade da estrela, aquela que me guiava pelo mar da minha vida mesmo de longe...
terça-feira, 25 de maio de 2010
O Retorno de Saturno (parte 6)
Ah, meus Anjos! Uma nova vida começou, uma vida de prazeres e delicias. Nas primeiras semanas parecia uma lua-de-mel, na verdade era, só não com a pessoa certa... Stella sempre foi inteligente, marcou o casamento no inicio do recesso da faculdade, assim podíamos aproveitar bem nossos momentos a dois, devo a ela pelo menos um agradecimento, sem a idéia divina dela, eu não teria aproveitado tanto o amor de Vitória... Claro que na época não pensava nisso... Meu tempo e espaço eram os seios e pernas de Vitória!
Mas voltando ao assunto, nossa vida nas primeiras semanas era uma maravilha. Ela ainda trabalhava nos primeiros dias, o que me matava de saudade, mas não me fazia mal, pois eu passava os dias caçando emprego e quando ela chegava, no final da tarde, íamos tomar banho juntos depois íamos direto nos amar, ora no sofá, ora na cama... A casa toda parecia estar preparada para receber horas de amor, e a decoração parecia ser preparada para provocar minha fúria romântica no ato de amar Vitória; todas aquelas cores quentes e vibrantes, tanto da decoração quanto das vestes da minha companheira, me seduziam de tal forma imperial que me davam a inspiração necessária pra inovar a cada dia, só para Vitória não enjoar do meu amor!
Juro até que quando eu estava em casa sozinho, nem via tv, minha distração era ficar olhando as paredes, os sofás, as almofadas, os colchões, a mesa da cozinha, o tapete e a cama, inventando novos jeitos de tocar na pele macia de minha Rainha, pra quando ela chegasse eu estivesse pronto para amá-la com uma surpresa a cada toque. Bom, se não era simples, ao menos me poupava da invenção de versos ou frases e vozes novas e inusitadas, pra dizer alguma coisa que fosse um “Eu te amo” mais especial... Nosso amor era físico, tão físico que quando ela chegava nem me dizia oi, caía no meu colo e me beijava intensamente. A despedida era mais difícil... Era um ritual complexo que envolvia beijos em certos lugares, de certas maneiras e com certas intensidades; e isso era só a primeira parte; depois vinham os toques, os mil abraços... A separação era insuportável demais pra nós dois!
Mas voltando ao assunto, nossa vida nas primeiras semanas era uma maravilha. Ela ainda trabalhava nos primeiros dias, o que me matava de saudade, mas não me fazia mal, pois eu passava os dias caçando emprego e quando ela chegava, no final da tarde, íamos tomar banho juntos depois íamos direto nos amar, ora no sofá, ora na cama... A casa toda parecia estar preparada para receber horas de amor, e a decoração parecia ser preparada para provocar minha fúria romântica no ato de amar Vitória; todas aquelas cores quentes e vibrantes, tanto da decoração quanto das vestes da minha companheira, me seduziam de tal forma imperial que me davam a inspiração necessária pra inovar a cada dia, só para Vitória não enjoar do meu amor!
Juro até que quando eu estava em casa sozinho, nem via tv, minha distração era ficar olhando as paredes, os sofás, as almofadas, os colchões, a mesa da cozinha, o tapete e a cama, inventando novos jeitos de tocar na pele macia de minha Rainha, pra quando ela chegasse eu estivesse pronto para amá-la com uma surpresa a cada toque. Bom, se não era simples, ao menos me poupava da invenção de versos ou frases e vozes novas e inusitadas, pra dizer alguma coisa que fosse um “Eu te amo” mais especial... Nosso amor era físico, tão físico que quando ela chegava nem me dizia oi, caía no meu colo e me beijava intensamente. A despedida era mais difícil... Era um ritual complexo que envolvia beijos em certos lugares, de certas maneiras e com certas intensidades; e isso era só a primeira parte; depois vinham os toques, os mil abraços... A separação era insuportável demais pra nós dois!
segunda-feira, 24 de maio de 2010
O Retorno de Saturno (parte 5)
Começou o casamento... tudo normal, exceto que eu estava com calafrios, mas não perceberam isso, nem mesmo Stella percebeu, talvez fosse impressão minha, ou vai ver que é normal. Mas todos perceberam que olhei para trás quando o padre perguntou se eu aceitava Stella como minha esposa; olhei bem nos olhos de Vitória e ela ainda me chamou e eu fiquei calado algum tempo, depois levantei e virei de costas para o padre e para a minha noiva, todos me olhavam com cara de espanto, menos Vitória que se levantou também, eu saí correndo e puxei-a pela mão para fora da igreja, Stella gritava meu nome em voz de choro e eu chorava também e se bem lembro, lancei um olhar para minha noiva, que emoção ele continha só ela e Deus podem dizer, só sei que nós dois chorávamos muito. Não cheguei a responder a pergunta, mas isso era o que menos importava. Eu e Vitória entramos no primeiro ônibus que encontramos e fugimos para a capital onde ela morava.
Dentro do ônibus, eu estava no inferno da minha consciência, ponderava tudo que havia deixado pra trás, minha noiva, meu emprego, minha família, minhas roupas, tudo, absolutamente tudo, inclusive a primeira lembrança que não tenho com a Stella do lado, não tenho com mais ninguém também, uma foto de mim como marido saindo da igreja! Por mais de uma vez tive a impressão de que ia ter um impulso de me atirar no meio de uma avenida, mas... Vitória... Desmentia a necessidade de tanto desespero. Bom, ela parecia ao menos compreender meu choro e me consolava com sucesso a cada beijo que me dava e a cada carinho que me fazia. Na realidade, ela ficou todo o percurso abraçada a mim, me aquecendo, me mostrando que nem tudo estava perdido. Eu ainda tinha a ela, ela dizia, chegou a dizer que sempre a teria, mas isso já não me bastava, queria mais das provas que me dera na igreja... Provas mais concretas.
Provas que vieram logo e por vontade própria, eu somente aceitei de coração aberto. Quando chegamos à casa de Vitória, era já meia-noite. Olhei rapidamente a sala, enquanto Vitória abria a porta e entrava... A sala era realmente aconchegante, bem decorada, os tons de vermelho nas almofadas contrastavam bem com o preto dos sofás e com o roxo das paredes. Vitória nem me chamou pra entrar, nem me mostrou o resto da casa, simplesmente me puxou e me beijando ardentemente me levou direto ao quarto, estava distraído demais para notar algo do quarto, só me lembro que o lençol era vermelho-sangue. Minha nova namorada me jogou na cama, se despiu com a calma calculada de uma mulher que sabe o que quer, exibindo cada detalhe de seu corpo perfeito sedutoramente; depois se deitou e finalmente se sagrou vitoriosa. Minha primeira noite de amor e não foi com a Estrela que me levaria ao céu pra nunca mais precisar voltar, foi com a Rainha do prazer que me mostrou a realeza de seu amor e a majestade das noites!
Dentro do ônibus, eu estava no inferno da minha consciência, ponderava tudo que havia deixado pra trás, minha noiva, meu emprego, minha família, minhas roupas, tudo, absolutamente tudo, inclusive a primeira lembrança que não tenho com a Stella do lado, não tenho com mais ninguém também, uma foto de mim como marido saindo da igreja! Por mais de uma vez tive a impressão de que ia ter um impulso de me atirar no meio de uma avenida, mas... Vitória... Desmentia a necessidade de tanto desespero. Bom, ela parecia ao menos compreender meu choro e me consolava com sucesso a cada beijo que me dava e a cada carinho que me fazia. Na realidade, ela ficou todo o percurso abraçada a mim, me aquecendo, me mostrando que nem tudo estava perdido. Eu ainda tinha a ela, ela dizia, chegou a dizer que sempre a teria, mas isso já não me bastava, queria mais das provas que me dera na igreja... Provas mais concretas.
Provas que vieram logo e por vontade própria, eu somente aceitei de coração aberto. Quando chegamos à casa de Vitória, era já meia-noite. Olhei rapidamente a sala, enquanto Vitória abria a porta e entrava... A sala era realmente aconchegante, bem decorada, os tons de vermelho nas almofadas contrastavam bem com o preto dos sofás e com o roxo das paredes. Vitória nem me chamou pra entrar, nem me mostrou o resto da casa, simplesmente me puxou e me beijando ardentemente me levou direto ao quarto, estava distraído demais para notar algo do quarto, só me lembro que o lençol era vermelho-sangue. Minha nova namorada me jogou na cama, se despiu com a calma calculada de uma mulher que sabe o que quer, exibindo cada detalhe de seu corpo perfeito sedutoramente; depois se deitou e finalmente se sagrou vitoriosa. Minha primeira noite de amor e não foi com a Estrela que me levaria ao céu pra nunca mais precisar voltar, foi com a Rainha do prazer que me mostrou a realeza de seu amor e a majestade das noites!
domingo, 23 de maio de 2010
O Retorno de Saturno (parte 4)
Depois de meia hora de beijos ardentes, ouvimos alguém chegando. Nos arrumamos de pressa, por sorte tivemos tempo suficiente, mas o estrago já estava feito, minha própria consciência me proibia de casar e ao mesmo tempo, me ordenava que casasse e que fugisse também. Se a intenção da Linguística é descobrir como as línguas funcionam, Vitória é a maior lingüista, pois além de entender a língua dos homens, foi capaz de falar a minha língua e contra-argumentar com meu coração...
Mas voltando a pessoa que chegou, era o padre, quando ele nos viu fez cara de assustado, na certa desconfiou de alguma coisa, realmente nossa presença era suspeita, mas depois que expliquei que Vitória era uma amiga minha da faculdade, minha convidada e que chegou mais cedo porque morava longe e Vitória confirmar tudo; ele melhorou a expressão e foi arrumar a cerimônia, fui com ele sob o pretexto de ajudá-lo; Vitória ficou sentada no primeiro banco.
Quando eu voltei já eram três e vinte e cinco, muitos convidados já tinham chegado, inclusive a família da noiva, não cheguei perto de Vitória, embora trocássemos olhares discretos. Logo o tempo passou, quatro horas, quatro e quinze, quatro e meia, eu esperava Stella de frente para Vitória, a demora estava me convencendo a ir com a lingüista, mas eu relutava contra meu desejo, tentando acreditar que era normal... Noiva sempre se atrasa em casamento. Quatro e quarenta e cinco, cinco e meia, seis e tantas, sete horas... Vitória olhou pra mim com cara de “vamos embora, amor?”
Eu estava descendo as escadas para puxar Vitória e fugir, quando começa a tocar a marcha nupcial e as portas se abriram. Lá vinha Stella, lindíssima, usando um vestido branco com detalhes em roxo, acompanhada pelo pai, vindo para meus braços com toda a elegância da simplicidade, com os olhos em festa e um sorriso de mulher que era de deixar até Vitória com inveja...
Mas voltando a pessoa que chegou, era o padre, quando ele nos viu fez cara de assustado, na certa desconfiou de alguma coisa, realmente nossa presença era suspeita, mas depois que expliquei que Vitória era uma amiga minha da faculdade, minha convidada e que chegou mais cedo porque morava longe e Vitória confirmar tudo; ele melhorou a expressão e foi arrumar a cerimônia, fui com ele sob o pretexto de ajudá-lo; Vitória ficou sentada no primeiro banco.
Quando eu voltei já eram três e vinte e cinco, muitos convidados já tinham chegado, inclusive a família da noiva, não cheguei perto de Vitória, embora trocássemos olhares discretos. Logo o tempo passou, quatro horas, quatro e quinze, quatro e meia, eu esperava Stella de frente para Vitória, a demora estava me convencendo a ir com a lingüista, mas eu relutava contra meu desejo, tentando acreditar que era normal... Noiva sempre se atrasa em casamento. Quatro e quarenta e cinco, cinco e meia, seis e tantas, sete horas... Vitória olhou pra mim com cara de “vamos embora, amor?”
Eu estava descendo as escadas para puxar Vitória e fugir, quando começa a tocar a marcha nupcial e as portas se abriram. Lá vinha Stella, lindíssima, usando um vestido branco com detalhes em roxo, acompanhada pelo pai, vindo para meus braços com toda a elegância da simplicidade, com os olhos em festa e um sorriso de mulher que era de deixar até Vitória com inveja...
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