EdLua.Artes

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Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

sábado, 3 de dezembro de 2011

... Até o fim deste ano vocês conhecerão essa personagem!

O beco


Marília Buonicelli (personagem criada por Edgar Izarelli de Oliveira)


Eu gosto deste beco,

Tem meus olhos, meu rosto, meu cheiro e tudo o que percebo de minha intimidade,

Este beco é meu mundo.

Um cubículo escuro espremido entre prédios.

Só tenho duas saídas: a pequena abertura por onde entrei me mostra, como janela,

O abandono usando drogas e mulheres mentindo pra si mesmas, por necessidade,

Pra realizar os verdadeiros desejos dos homens estranhos...

A cidade levou das minhas mãos o meu coração,

O coração de vidro que eu tinha acabado de resgatar da bagunça de um quarto de lixo,

Dois quartos de solidão, um terço de esperança, um ciclo de tristezas cruas,

E quatro quartos inteiros de medos trancados que tive que encarar,

Sem querer e sem pensar...

Se eu tinha meia chance com um coração transparente e lúcido,

Agora, sem nada nas mãos, sou eu mesma um nada, um vazio,

E ocupo lugar de alguma lata de refrigerante que, mesmo vazia como eu,

Ainda pode ser reciclada.

Talvez esteja na hora de abrir as asas de corvo e subir aos céus pela outra saída.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Poesia pró-Sarau ao Ar Livre

O Artesão das Palavras



Edgar Izarelli de Oliveira









Venham! Venham! Venham que a feira de artesanato já começou!



Olhem as jóias, os fantoches, as máscaras, os brinquedos, tudo feito em casa!



Olhem os desenhistas fazendo retratos com lápis de carvão!



Olhem os pintores dando cores e formas de paisagens a uma tela branca!



Olhem os escultores modelando os mais variados materiais!



Escutem as vozes dos cantores em acordes de violão de todos os estilos!







E já que estão aqui, olhem para mim! Sim, também sou artesão!



Eu também suo as mãos!







Teço os sons dos textos nas horas exigidas de solidão,



Rabiscando e rasurando letras num papel qualquer,



Esculpir mil sentidos numa linha de caderno exige fôlego, determinação e suavidades.



E, depois, pintar um novo corpo por cima do meu pra transformar em voz teatral



A rede tensa dos sentimentos de uma poesia exige o tom exato, a interpretação,



E o físico preparado para o improviso dos gestos, exige a leveza da dança!







Eu sou como todos os artesãos, exponho minhas obras na praça da cidadezinha.



E, do meu interior, acredito que a poesia é tão arte como todas as outras



E pertence ao povo que anda, se abraça, beija, passeia, sofre e sorri por essas ruas!



E, se parecer loucura, me perdoem, mas arte escrita e falada merece um lugar!



E eu sou apenas um artesão das palavras!



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Próximo Sarau ao Ar Livre dia 18/12 a partir das 14:30, na praça do Embu!