
Estou a quase nove anos rodando pelo país com a companhia Poko Lokos; a quase dez não vejo minha amada poetisa... E hoje aqui estou eu, vestindo meu terno de casamento...
Meus Anjos, hoje, exatamente hoje, faço vinte e nove anos. Saturno voltou à sua origem; depois de tudo, acho que entendi porque Deus me trouxe Vitória há dez anos atrás. Foi para eu perceber que a vida tem outras belezas e outros desafios a serem observados, tive que aprender à força. Mas a minha saudade ainda vive, eu me ponho de joelhos perante a vocês, meus Anjos, e rezo, em voz alta e de olhos fechados:
- Anjos, me tragam a Estrela da minha vida, me tragam a Poetisa da minha alma, me tragam a minha alma gêmea verdadeira, por favor, meus Anjos, me tragam...
- Lucas? - uma voz doce e feminina está mesmo me chamando?- Lucas...
Estou ouvindo a voz de Stella, sinto sua mão de mulher acariciar minhas faces, sinto seus lábios tocarem os meus, sinto Stella me abraçando, encostando minha cabeça nos seios dela. Sinto o perfume da minha juventude... Sinto a aliança no dedo da mão direita, e nela sinto meu nome gravado.
- Meus Anjos, me tragam...
- Lucas, abra os olhos, veja, nosso amor ainda vive e eu sou a Estrela que você pediu, eu estou aqui. Poetizando sua vida com o mesmo amor e com a mesma juventude, sou eu a poetisa que você queria? Sou eu a sua alma gêmea, Lucas? Você me olhou naquele dia, aquele olhar só eu conheço, era o olhar de “Eu te amo Stella, vou viver contigo, pra sempre! Estou indo me conhecer, mas eu volto!” e você voltou, meu Lucas, luce mia! Abra os olhos e me responda de uma vez, você me aceita como sua Esposa?
Eu vou abrindo os olhos e vendo Stella vestida com o vestido de noiva, o mesmo, os detalhes roxos; o mesmo sorriso de mulher.
- Sim, Stella, eu aceito... Eu te amo, minha Estrela Poetisa!
Ela está me beijando com a fúria de quem esperou dez anos por um beijo... Obrigado, meus Anjos. Talvez seja assim que acaba essa história de amor: não tão triste, mas não tão feliz quanto podia ser!
Aviso: todos os nomes são ficticios, portanto, qualquer semelhança é mero acaso!