EdLua.Artes

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Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Poesia de hoje!

Dádiva Divina

E eu que assisti minha vida sendo esquartejada
Meus sentidos sendo despedaçados
Minhas certezas rasgadas
O meu tempo sendo dilacerado
E meu futuro
O futuro dos meus sonhos ser triturado
Até minha alma congelar
No frio do deserto que hoje você está!

E eu que me deixei feito tesouro enterrado pra você encontrar
Preso num broco de gelo eterno que só você pode derreter!
E eu que sempre te senti tão perto
Até ontem te sentia distante!
Eu também andei procurando novos sentidos independentes
E quis acreditar meio cético que tudo era mentira
E que tudo é questão de pura sorte espalhada ao acaso
Uma utopia sem chance alguma de ser realidade!

Tento agora me convencer que a solidão pode te ajudar
E eu que já não sou mais seu porto seguro seu guia na terra
Anseio pela sua volta pela sua mão e seu beijo
Murmuro algumas palavras menos mágicas ao vento
Ouço sua voz já no caminho de casa!
Felicidade ressoa por um instante no meu peito
E eu que já me dava como morto sinto um lampejo de vida
Raio duma vontade imensa de reviver tudo ao teu lado!

Na tua solidão
Ainda conte comigo
Nunca estás só!

Dentro da escuridão da tua tristeza ainda sou teu apóstolo
Ainda avisto suas asas abertas voando e sinto teu ósculo

E da tua saudade alimento minhas esperanças
De um dia sermos livres dos medos sem pagar fiança
Ignorando a seriedade mundana teremos o riso de criança!

Tudo fará sentido na hora certa
E na hora certa te abraço
A hora certa é o presente
Mas quando li teus versos
As palavras sumiram
Sobrou só o misto ambíguo
Das horas que não te tive comigo
E nas lembranças extravasadas
Lembrei-me dessas palavras
“Eu te amo menina do meu coração!”

Na nossa arte e poesia
Acredite que o amor
É dádiva divina!

Edgar Izarelli de Oliveira

quarta-feira, 17 de março de 2010

uma Analise de Amor da Clarice Lispector

bom inspirado no ato de minha amiga Janete, e por não ter nada melhor para postar hoje, postarei uma analise que fiz de um dos contos mais conhecidos da maravilhosa escritora Clarice Lispector! trata-se do conto abaixo

Amor

Clarice Lispector


Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação.
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. Crescia sua rápida conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifício. Ana dava a tudo, tranqüilamente, sua mão pequena e forte, sua corrente de vida.
Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as árvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua força, inquietava-se. No entanto sentia-se mais sólida do que nunca, seu corpo engrossara um pouco e era de se ver o modo como cortava blusas para os meninos, a grande tesoura dando estalidos na fazenda. Todo o seu desejo vagamente artístico encaminhara-se há muito no sentido de tornar os dias realizados e belos; com o tempo, seu gosto pelo decorativo se desenvolvera e suplantara a íntima desordem. Parecia ter descoberto que tudo era passível de aperfeiçoamento, a cada coisa se emprestaria uma aparência harmoniosa; a vida podia ser feita pela mão do homem.
No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado. O homem com quem casara era um homem verdadeiro, os filhos que tivera eram filhos verdadeiros. Sua juventude anterior parecia-lhe estranha como uma doença de vida. Dela havia aos poucos emergido para descobrir que também sem a felicidade se vivia: abolindo-a, encontrara uma legião de pessoas, antes invisíveis, que viviam como quem trabalha — com persistência, continuidade, alegria. O que sucedera a Ana antes de ter o lar estava para sempre fora de seu alcance: uma exaltação perturbada que tantas vezes se confundira com felicidade insuportável. Criara em troca algo enfim compreensível, uma vida de adulto. Assim ela o quisera e o escolhera.
Sua precaução reduzia-se a tomar cuidado na hora perigosa da tarde, quando a casa estava vazia sem precisar mais dela, o sol alto, cada membro da família distribuído nas suas funções. Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto — ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianças vindas do colégio exigiam-na. Assim chegaria a noite, com sua tranqüila vibração. De manhã acordaria aureolada pelos calmos deveres. Encontrava os móveis de novo empoeirados e sujos, como se voltassem arrependidos. Quanto a ela mesma, fazia obscuramente parte das raízes negras e suaves do mundo. E alimentava anonimamente a vida. Estava bom assim. Assim ela o quisera e escolhera.
O bonde vacilava nos trilhos, entrava em ruas largas. Logo um vento mais úmido soprava anunciando, mais que o fim da tarde, o fim da hora instável. Ana respirou profundamente e uma grande aceitação deu a seu rosto um ar de mulher.
O bonde se arrastava, em seguida estacava. Até Humaitá tinha tempo de descansar. Foi então que olhou para o homem parado no ponto.
A diferença entre ele e os outros é que ele estava realmente parado. De pé, suas mãos se mantinham avançadas. Era um cego.
O que havia mais que fizesse Ana se aprumar em desconfiança? Alguma coisa intranqüila estava sucedendo. Então ela viu: o cego mascava chicles... Um homem cego mascava chicles.
Ana ainda teve tempo de pensar por um segundo que os irmãos viriam jantar — o coração batia-lhe violento, espaçado. Inclinada, olhava o cego profundamente, como se olha o que não nos vê. Ele mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma mulher com ódio. Mas continuava a olhá-lo, cada vez mais inclinada — o bonde deu uma arrancada súbita jogando-a desprevenida para trás, o pesado saco de tricô despencou-se do colo, ruiu no chão — Ana deu um grito, o condutor deu ordem de parada antes de saber do que se tratava — o bonde estacou, os passageiros olharam assustados.
Incapaz de se mover para apanhar suas compras, Ana se aprumava pálida. Uma expressão de rosto, há muito não usada, ressurgia-lhe com dificuldade, ainda incerta, incompreensível. O moleque dos jornais ria entregando-lhe o volume. Mas os ovos se haviam quebrado no embrulho de jornal. Gemas amarelas e viscosas pingavam entre os fios da rede. O cego interrompera a mastigação e avançava as mãos inseguras, tentando inutilmente pegar o que acontecia. O embrulho dos ovos foi jogado fora da rede e, entre os sorrisos dos passageiros e o sinal do condutor, o bonde deu a nova arrancada de partida.
Poucos instantes depois já não a olhavam mais. O bonde se sacudia nos trilhos e o cego mascando goma ficara atrás para sempre. Mas o mal estava feito.
A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música, o mundo recomeçava ao redor. O mal estava feito. Por quê? Teria esquecido de que havia cegos? A piedade a sufocava, Ana respirava pesadamente. Mesmo as coisas que existiam antes do acontecimento estavam agora de sobreaviso, tinham um ar mais hostil, perecível... O mundo se tornara de novo um mal-estar. Vários anos ruíam, as gemas amarelas escorriam. Expulsa de seus próprios dias, parecia-lhe que as pessoas da rua eram periclitantes, que se mantinham por um mínimo equilíbrio à tona da escuridão — e por um momento a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir. Perceber uma ausência de lei foi tão súbito que Ana se agarrou ao banco da frente, como se pudesse cair do bonde, como se as coisas pudessem ser revertidas com a mesma calma com que não o eram.
O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. O calor se tornara mais abafado, tudo tinha ganho uma força e vozes mais altas. Na Rua Voluntários da Pátria parecia prestes a rebentar uma revolução, as grades dos esgotos estavam secas, o ar empoeirado. Um cego mascando chicles mergulhara o mundo em escura sofreguidão. Em cada pessoa forte havia a ausência de piedade pelo cego e as pessoas assustavam-na com o vigor que possuíam. Junto dela havia uma senhora de azul, com um rosto. Desviou o olhar, depressa. Na calçada, uma mulher deu um empurrão no filho! Dois namorados entrelaçavam os dedos sorrindo... E o cego? Ana caíra numa bondade extremamente dolorosa.
Ela apaziguara tão bem a vida, cuidara tanto para que esta não explodisse. Mantinha tudo em serena compreensão, separava uma pessoa das outras, as roupas eram claramente feitas para serem usadas e podia-se escolher pelo jornal o filme da noite - tudo feito de modo a que um dia se seguisse ao outro. E um cego mascando goma despedaçava tudo isso. E através da piedade aparecia a Ana uma vida cheia de náusea doce, até a boca.
Só então percebeu que há muito passara do seu ponto de descida. Na fraqueza em que estava, tudo a atingia com um susto; desceu do bonde com pernas débeis, olhou em torno de si, segurando a rede suja de ovo. Por um momento não conseguia orientar-se. Parecia ter saltado no meio da noite.
Era uma rua comprida, com muros altos, amarelos. Seu coração batia de medo, ela procurava inutilmente reconhecer os arredores, enquanto a vida que descobrira continuava a pulsar e um vento mais morno e mais misterioso rodeava-lhe o rosto. Ficou parada olhando o muro. Enfim pôde localizar-se. Andando um pouco mais ao longo de uma sebe, atravessou os portões do Jardim Botânico.
Andava pesadamente pela alameda central, entre os coqueiros. Não havia ninguém no Jardim. Depositou os embrulhos na terra, sentou-se no banco de um atalho e ali ficou muito tempo.
A vastidão parecia acalmá-la, o silêncio regulava sua respiração. Ela adormecia dentro de si.
De longe via a aléia onde a tarde era clara e redonda. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho.
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, pequenas surpresas entre os cipós. Todo o Jardim triturado pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.
Um movimento leve e íntimo a sobressaltou — voltou-se rápida. Nada parecia se ter movido. Mas na aléia central estava imóvel um poderoso gato. Seus pêlos eram macios. Em novo andar silencioso, desapareceu.
Inquieta, olhou em torno. Os ramos se balançavam, as sombras vacilavam no chão. Um pardal ciscava na terra. E de repente, com mal-estar, pareceu-lhe ter caído numa emboscada. Fazia-se no Jardim um trabalho secreto do qual ela começava a se aperceber.
Nas árvores as frutas eram pretas, doces como mel. Havia no chão caroços secos cheios de circunvoluções, como pequenos cérebros apodrecidos. O banco estava manchado de sucos roxos. Com suavidade intensa rumorejavam as águas. No tronco da árvore pregavam-se as luxuosas patas de uma aranha. A crueza do mundo era tranqüila. O assassinato era profundo. E a morte não era o que pensávamos.
Ao mesmo tempo que imaginário — era um mundo de se comer com os dentes, um mundo de volumosas dálias e tulipas. Os troncos eram percorridos por parasitas folhudas, o abraço era macio, colado. Como a repulsa que precedesse uma entrega — era fascinante, a mulher tinha nojo, e era fascinante.
As árvores estavam carregadas, o mundo era tão rico que apodrecia. Quando Ana pensou que havia crianças e homens grandes com fome, a náusea subiu-lhe à garganta, como se ela estivesse grávida e abandonada. A moral do Jardim era outra. Agora que o cego a guiara até ele, estremecia nos primeiros passos de um mundo faiscante, sombrio, onde vitórias-régias boiavam monstruosas. As pequenas flores espalhadas na relva não lhe pareciam amarelas ou rosadas, mas cor de mau ouro e escarlates. A decomposição era profunda, perfumada... Mas todas as pesadas coisas, ela via com a cabeça rodeada por um enxame de insetos enviados pela vida mais fina do mundo. A brisa se insinuava entre as flores. Ana mais adivinhava que sentia o seu cheiro adocicado... O Jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.
Era quase noite agora e tudo parecia cheio, pesado, um esquilo voou na sombra. Sob os pés a terra estava fofa, Ana aspirava-a com delícia. Era fascinante, e ela sentia nojo.
Mas quando se lembrou das crianças, diante das quais se tornara culpada, ergueu-se com uma exclamação de dor. Agarrou o embrulho, avançou pelo atalho obscuro, atingiu a alameda. Quase corria — e via o Jardim em torno de si, com sua impersonalidade soberba. Sacudiu os portões fechados, sacudia-os segurando a madeira áspera. O vigia apareceu espantado de não a ter visto.
Enquanto não chegou à porta do edifício, parecia à beira de um desastre. Correu com a rede até o elevador, sua alma batia-lhe no peito — o que sucedia? A piedade pelo cego era tão violenta como uma ânsia, mas o mundo lhe parecia seu, sujo, perecível, seu. Abriu a porta de casa. A sala era grande, quadrada, as maçanetas brilhavam limpas, os vidros da janela brilhavam, a lâmpada brilhava — que nova terra era essa? E por um instante a vida sadia que levara até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver. O menino que se aproximou correndo era um ser de pernas compridas e rosto igual ao seu, que corria e a abraçava. Apertou-o com força, com espanto. Protegia-se tremula. Porque a vida era periclitante. Ela amava o mundo, amava o que fora criado — amava com nojo. Do mesmo modo como sempre fora fascinada pelas ostras, com aquele vago sentimento de asco que a aproximação da verdade lhe provocava, avisando-a. Abraçou o filho, quase a ponto de machucá-lo. Como se soubesse de um mal — o cego ou o belo Jardim Botânico? — agarrava-se a ele, a quem queria acima de tudo. Fora atingida pelo demônio da fé. A vida é horrível, disse-lhe baixo, faminta. O que faria se seguisse o chamado do cego? Iria sozinha... Havia lugares pobres e ricos que precisavam dela. Ela precisava deles... Tenho medo, disse. Sentia as costelas delicadas da criança entre os braços, ouviu o seu choro assustado. Mamãe, chamou o menino. Afastou-o, olhou aquele rosto, seu coração crispou-se. Não deixe mamãe te esquecer, disse-lhe. A criança mal sentiu o abraço se afrouxar, escapou e correu até a porta do quarto, de onde olhou-a mais segura. Era o pior olhar que jamais recebera. Q sangue subiu-lhe ao rosto, esquentando-o.
Deixou-se cair numa cadeira com os dedos ainda presos na rede. De que tinha vergonha?
Não havia como fugir. Os dias que ela forjara haviam-se rompido na crosta e a água escapava. Estava diante da ostra. E não havia como não olhá-la. De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade: seu coração se enchera com a pior vontade de viver.
Já não sabia se estava do lado do cego ou das espessas plantas. O homem pouco a pouco se distanciara e em tortura ela parecia ter passado para o lados que lhe haviam ferido os olhos. O Jardim Botânico, tranqüilo e alto, lhe revelava. Com horror descobria que pertencia à parte forte do mundo — e que nome se deveria dar a sua misericórdia violenta? Seria obrigada a beijar um leproso, pois nunca seria apenas sua irmã. Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.
Humilhada, sabia que o cego preferiria um amor mais pobre. E, estremecendo, também sabia por quê. A vida do Jardim Botânico chamava-a como um lobisomem é chamado pelo luar. Oh! mas ela amava o cego! pensou com os olhos molhados. No entanto não era com este sentimento que se iria a uma igreja. Estou com medo, disse sozinha na sala. Levantou-se e foi para a cozinha ajudar a empregada a preparar o jantar.
Mas a vida arrepiava-a, como um frio. Ouvia o sino da escola, longe e constante. O pequeno horror da poeira ligando em fios a parte inferior do fogão, onde descobriu a pequena aranha. Carregando a jarra para mudar a água - havia o horror da flor se entregando lânguida e asquerosa às suas mãos. O mesmo trabalho secreto se fazia ali na cozinha. Perto da lata de lixo, esmagou com o pé a formiga. O pequeno assassinato da formiga. O mínimo corpo tremia. As gotas d'água caíam na água parada do tanque. Os besouros de verão. O horror dos besouros inexpressivos. Ao redor havia uma vida silenciosa, lenta, insistente. Horror, horror. Andava de um lado para outro na cozinha, cortando os bifes, mexendo o creme. Em torno da cabeça, em ronda, em torno da luz, os mosquitos de uma noite cálida. Uma noite em que a piedade era tão crua como o amor ruim. Entre os dois seios escorria o suor. A fé a quebrantava, o calor do forno ardia nos seus olhos.
Depois o marido veio, vieram os irmãos e suas mulheres, vieram os filhos dos irmãos.
Jantaram com as janelas todas abertas, no nono andar. Um avião estremecia, ameaçando no calor do céu. Apesar de ter usado poucos ovos, o jantar estava bom. Também suas crianças ficaram acordadas, brincando no tapete com as outras. Era verão, seria inútil obrigá-las a dormir. Ana estava um pouco pálida e ria suavemente com os outros. Depois do jantar, enfim, a primeira brisa mais fresca entrou pelas janelas. Eles rodeavam a mesa, a família. Cansados do dia, felizes em não discordar, tão dispostos a não ver defeitos. Riam-se de tudo, com o coração bom e humano. As crianças cresciam admiravelmente em torno deles. E como a uma borboleta, Ana prendeu o instante entre os dedos antes que ele nunca mais fosse seu.
Depois, quando todos foram embora e as crianças já estavam deitadas, ela era uma mulher bruta que olhava pela janela. A cidade estava adormecida e quente. O que o cego desencadeara caberia nos seus dias? Quantos anos levaria até envelhecer de novo? Qualquer movimento seu e pisaria numa das crianças. Mas com uma maldade de amante, parecia aceitar que da flor saísse o mosquito, que as vitórias-régias boiassem no escuro do lago. O cego pendia entre os frutos do Jardim Botânico.
Se fora um estouro do fogão, o fogo já teria pegado em toda a casa! pensou correndo para a cozinha e deparando com o seu marido diante do café derramado.
— O que foi?! gritou vibrando toda.
Ele se assustou com o medo da mulher. E de repente riu entendendo:
— Não foi nada, disse, sou um desajeitado. Ele parecia cansado, com olheiras.
Mas diante do estranho rosto de Ana, espiou-a com maior atenção. Depois atraiu-a a si, em rápido afago.
— Não quero que lhe aconteça nada, nunca! disse ela.
— Deixe que pelo menos me aconteça o fogão dar um estouro, respondeu ele sorrindo.
Ela continuou sem força nos seus braços. Hoje de tarde alguma coisa tranqüila se rebentara, e na casa toda havia um tom humorístico, triste. É hora de dormir, disse ele, é tarde. Num gesto que não era seu, mas que pareceu natural, segurou a mão da mulher, levando-a consigo sem olhar para trás, afastando-a do perigo de viver.
Acabara-se a vertigem de bondade.
E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia.

minha analise vai abaixo, é antiga, da época da faculdade!! acho que hoje seria completamente diferente... Mas lá vai!

Análise do conto

O conto em questão é narrado por um narrador onisciente e intruso. Segundo Friedman, esse tipo de narrador pode narrar de vários ângulos, ou ainda alterná-los; se caracteriza também por saber de tudo, ver tudo e comentar tudo, sendo intruso justamente por nos dar a noção exata do que as personagens sentem e pensam.

Essa característica de descrever sentimentos e pensamentos é muito importante nos contos de Clarice Lispector, posto que na maioria deles ocorre, como em “Amor”, um conflito psicológico vivido, em geral, pela personagem principal.

Em “Amor”, o narrador nos apresenta não só o caminho fisicamente percorrido pela personagem, mas ainda mostra um processo mental muito elaborado, valendo-se para isso de uma posição central em relação à trama e do espaço narrativo que abordaremos posteriormente. Por enquanto veremos algo sobre a personagem principal do conto.

Ana, a personagem principal do conto, apresenta traços de dois tipos opostos de personagem, propostos por Cândido. Se trata da personagem plana e personagem esférica. A personagem plana se caracteriza por ser distante do leitor, representando um tipo humano, não apresentando sentimentos, podendo ser anônima, distinta das outras só por uma letra, como acontece em “O Processo” de Tchekov, em que a personagem principal se chama “K”; enquanto que as personagens esféricas são largamente descritas e se localizam no mundo como sendo seres humanos, passando inclusive por crises existenciais, possuindo assim sentimentos e pensamentos.

No conto “Amor”, Ana não é descrita fisicamente, não apresenta sobrenome, porém difere-se das outras justamente por ser chamada de Ana, enquanto as outras não possuem nome e são caracterizadas pela relação entre elas e Ana. Como exemplo, temos o marido, os filhos, a empregada. Entretanto, Ana passa por uma crise existencial no decorrer da trama, o que a caracteriza como sendo uma personagem esférica.

Como já dissemos Ana, ou qualquer uma das outras personagens encontradas no conto, carecem de descrição física, à exceção do cego, sendo caracterizadas por mínimas coisas, como por exemplo “ mão pequena e forte”, essa é a única descrição física de Ana durante todo o conto, sendo que seu marido só é descrito por ter olheiras e só se descreve um filho de Ana, como tendo “pernas compridas e o rosto igual ao seu”. No mais, são descritas por suas ações, não necessitando o leitor de formas mais detalhadas, pois o que importa são os pensamentos e sensações de Ana.

Há um outro personagem que para o conto é essencial: o cego, o único descrito apenas pela sua condição física, exercendo um papel antagônico em relação à Ana. A descrição desta personagem é curta, mas precisa; trata-se de um homem cego, mascando chicles, cujo movimento de mastigação parecia fazer-lhe sorrir. A partir dessa descrição é que se dá o nó da trama neste conto.

O narrador abre o conto com uma cena “ in média res”, apresentando nessa cena, a personagem , o objeto que a representa ( a cestinha de tricô), e a situação em que se encontra (dentro de um bonde). Após essa cena de abertura, ocorre o que Benedito Nunes denomina analépse, que nada mais é do que um retorno que o narrador faz para explicar a situação inicial e com o objetivo de tornar clara a trama do conto. Dentro desse “flash back” ocorre o que o mesmo autor denomina de sumário, que neste conto, é uma demonstração rápida de como a vida de Ana se desenrolara até aquela tarde, mostrando as principais características da personagem, sendo que é nesse momento que descobrimos várias coisas sobre Ana, inclusive que ela é dona de casa, é casada e tem filhos, tem uma rotina que sustenta um mínimo de integridade. Descobrimos também que em certa hora da tarde, Ana sentia-se vazia, inútil por não estar cuidando de ninguém. Este sumário é parte da trama, que tem seu nó e clímax no momento em que Ana vê o cego. A trama se desenrola a partir da crise existencial da personagem principal, cujo o desfecho acontece no momento em que o narrador diz que Ana “soprou a pequena flama do dia”, superando assim a crise.

A fábula, por sua vez, acontece do momento em que Ana entra no ônibus ao momento em que ela vai dormir, sendo que esse breve espaço de tempo, é característica do gênero Conto, definido por Cortaza, como sendo uma fotografia, que nos mostra um instante da vida de alguém. Durante o percurso da fábula, Ana vê um homem cego numa estação de bonde, passa por um momento de epifanía, se perde, acaba chegando no Jardim Botânico e lá permanecendo até o anoitecer, foi para casa, lá chegando ajudou a empregada a preparar o jantar, jantou com a família e foi dormir. Aparentemente enredo, ou fábula, pertencentes a situações cotidianas, porém, o interesse neste conto reside na tentativa de entender o que, porque e como Ana pensa e sente o mundo ao seu redor, e qual é a causa da crise pela qual ela passa.

A escolha do narrador onisciente intruso permitiu à autora uma vasta utilização e combinação de efeitos, posto que, com a visão poli-ângular deste tipo de narrador, autora nos mostra vários pontos de vista sob a mesma situação. Narrando a crise tanto do ponto de vista interno da personagem, mas conseguindo camuflar algumas impressões, se valendo, para isso, do espaço; a autora também utiliza o tempo para brincar com a aproximação e distanciamento da personagem, para tanto, utiliza tempos verbais diferentes, há predomínio dos três tipos do pretérito (imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito), com diferentes empregos em lugares diferentes do conto. Por exemplo, no sumario, há predomínio do passado mais-que-perfeito para nos dar a idéias de uma distancia temporal como em ”Ela plantara as sementes que tinha na mão” e “com o tempo, seu gosto pelo decorativo se desenvolvera e suplantara a íntima desordem”. Porém, há mescla com o tempo pretérito imperfeito, para contrastar passado da juventude de Ana, com seu estado no momento do conto. Assim, pode-se chegar a conclusão de que o tempo, neste conto, é usado para distinguir tempos diversos no decorrer da narrativa. Entretanto, a maioria dos pretéritos perfeitos, dizem respeito às ações de Ana.

É necessário salientar que o espaço temporal decorrido durante a narrativa não é conhecido pelo leitor. Com isso, queremos dizer que o narrador não fornece dados relativos a tempo, com exceção de Tarde, Noite e Manhã; não nos fornece idade de personagens nem quantos passaram desde a juventude de Ana nem quantas horas se passaram do inicio ao fim da fabula. Assim, deixando a história aberta, num passado meio que épico. Talvez, com o objetivo de tornar a história mais viva, aberta a todas as idades.

Há três recursos narrativos dignos de observação. O primeiro é a questão referente aos diálogos. O narrador vale-se de poucos discursos, sendo que a maior parte destes é feito em discurso indireto livre, dando voz diretamente a personagem, mas no meio da narrativa, como acontece no dialogo dela com o filho.

Entretanto, na cena em que Ana conversa com o marido, é o único momento em que o narrador passa realmente a palavra às personagens, num discurso direto.

O segundo aspecto a ser levantado é o de que há uma leve comparação entre as personagens e arvores. Tal comparação é feita de maneira muito sutil ao longo da obra, através de adjetivos e expressões como: sumarenta, raízes negras da vida, etc.

Outro ponto a ser observado é a questão do jogo de antíteses. O tempo todo a autora se utiliza de antíteses, às vezes explicitas às vezes não, antíteses de todo tipo,como: vida x morte, fascínio x nojo, piedade x amor, brilho, limpeza e perenidade (casa) x escuridão, sujeira e apodrecimento (jardim botânico). Reparando nessa busca por antíteses e no titulo da obra, somos remetidos ao soneto mais famoso de Camões, que possui o mesmo título e o mesmo jogo antagônico de palavras e idéias. Da relação entre esses dois textos,vem a idéia de que o título se refere ao tema tratado na obra de Clarice Lispector, como acontece também com o soneto de Camões, sendo então possível que as antíteses de Clarice Lispector, também mostrem os dois lados do amor.

Partindo da oposição entre a casa de Ana e o Jardim Botânico, citado no parágrafo anterior, chegamos ao espaço narrativo.O espaço narrativo desse conto, é de suma importância para uma boa interpretação, visto que Clarice Lispector, escrevia acima de tudo sobre sensações humanas e crises existenciais. Ela necessitava de algum recurso para metaforizar essas sensações. O recurso encontrado na obra “Amor”, foi a utilização dos espaços narrativos, não só pela descrição do espaço em si como acontece na casa de Ana, no bonde e no Jardim Botânico como pela simbologia que pequenos objetos adquirem.Assim foi com a cestinha de tricô, os ovos quebrados e as gemas amarelas e viscosas e também “Havia no chão caroços secos cheios de circunvoluções, como pequenos cérebros apodrecidos”.

Segundo Lins, pequenos objetos podem exercer a função de descrever a personagem. Clarice vai além disso, conseguindo um efeito de representação psicológica, que se substantiva, “encarnando-se nos objetos”.Entretanto, até mesmo os espaços físicos, podem exercer uma função simbólica como é o caso do bonde na frase “A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido”.Ao aproximar o bonde de um fio partido, a autora sugere um novo sentido para o bonde.

Um ponto interessante a ser observado, é sua posição em relação ao espaço, ora descrevendo-o como ele é, ora dando a visão de Ana sobre o mesmo. O narrador muda a forma de descrever o espaço após a cena do cego, pois, é justamente aí que Ana começa a ver o mundo de outra forma. Também é relevante a questão do movimento do bonde, que embora não seja muito ressaltada pela autora, exerce função semelhante aos veículos automotivos que Cortaza insere em seus contos. culos automotivos que Cortaza insere em seus contos, dando uma id

, ora dando a visdescrevendo-o como ele onde. funçaço narrativo desse conto, b

Comentários Interpretativos

Uma possível interpretação dessa obra seria numa linha psicológica, onde um conflito emocional de uma mulher é evidenciado.

A personagem central, Ana, estabeleceu uma rotina com o intuito de sentir-se segura.Para ela a vida seguia tranquilamente dentro dos afazeres cotidianos, pois descobriu na formação do lar,”que também sem a felicidade se vivia”, com a surpresa de encontrar uma legião de pessoas que vivem como se trabalha, mecanicamente.Isto é representado pelo bonde, por ser um transporte coletivo e andar sobre trilhos que demonstram um caminho predestinado, a ser percorrido, com movimentos lentos e alternados de “ arrastar, estacar”. Esta rotina da vida de Ana, é simbolizada pela rede de tricô que ela mesma tricotou.Toda tarde quando se via só, sentia um certo desconforto causado pela ausência de tarefas; como se ela não coubesse mais na rotina. Nessa hora estava predisposta a passar por uma crise psicológica se ficasse em casa, por isso saia de casa para fazer compras ou para levar algum objeto para consertar.

Numa dessas tardes, ao voltar para casa, Ana avistou um cego parado mascando chicles, que lhe causou um choque (representado pelo movimento brusco do bonde),pois se viu refletida no cego, posto que a condição de não ver pode ser associada aqui, à condição de não viver.Os movimentos repetitivos da mastigação que pareciam fazer o cego sorrir,espelhavam a vida regrada e rotineira de Ana e a dissimulação da felicidade que ela vivia.

Este choque faz Ana se questionar sobre a piedade que ela sentia do cego, provocando uma ruptura na rotina de sua vida(representada pela quebra dos ovos), que veio acompanhada por um prazer intenso e por um sofrimento muito forte.Ana passa a perceber as coisas muito mais intensamente e enxerga nos outros o que está acontecendo com ela.

A rotina perde o sentido e esta seqüência de fatos e emoções a empurram para uma nova forma de sentir, caracterizada pelo Jardim Botânico, onde Ana começa a perceber que a vida é um ciclo natural, em que a dualidade começa a lhe parecer normal. A vida começa a pulsar dentro dela e isso faz com que ela perceba essa vida também pulsando em cada elemento do universo.

Se sentindo culpada por não estar em casa ao anoitecer e preocupada com os filhos, Ana volta para casa. Percebe então, que naquele mundo brilhante e limpo, oposto ao Jardim Botânico, também se realizava aquele ciclo da vida: a flor lâmguida e asquerosa, a pequena aranha debaixo do fogão, o assassinato da formiga na cozinha.

No final, o marido reafirma que controlar a vida não é uma tarefa humana. No episódio do estouro do fogão, ela diz que não quer que nada lhe aconteça e ele pede para que deixe ao menos o fogão estourar na sua mão;querendo dizer com isso que Ana deveria deixar a vida acontecer naturalmente.



abraços
Edgar

segunda-feira, 15 de março de 2010

para uma pessoa especial

hoje 15/3... unm anjo de luz faz aniversario...
e tudo o qie eu queria nesse dia, era poder estar alguns segundos perto dessa pessoa tão special em minha vida, para poder dar um abraço e dizer algumas palavras... alguns segundos era só o que eu queria... e posso ter... mas não sei... essa pessoa anda tão distante de mim tão afastada... não sei se me ver seria presente do céu ou do inferno...
pior que eu preciso dessa pessoa sempre perto de mim e nem ligar eu posso... ela não me atenderia, não mando email... não sei se ela lê... faz tempo q naum responde meus emails... claro poderia ir ver ela, sei onde ela mora e onde trabalha, mas tem a questão de mestre Shakespeare "She would like or she wouldn't like?"... por isso o modo mais seguro é escrever aqui alguma coisa, mas pelo menos posso transformar a tristeza em Tragcomedia pra cia de teatro... bom já é mais util... e rezar para que um dia ela leia... bom lá vai.. seja o que o universo quiser:


Fernannda, parabens, seja muito feliz Nan! vc merece toda a felicidade do mundo, tds merecem... mas eu não vou ter... não sem sua presença!... bom separei alguns trechos de musicas que me lembram vc... pq afinal, nessa data especial, eu não sei se vc quer palavras minhas...

It's a damn cold night
Trying to figure out this life
Won't you take me by the hand?
Take me somewhere new
I don't know who you are
But I... I'm with you
I'm with you


lembra dessa? tocou no mesmo dia a cinco anos atras, eu tava lá... com vc...


E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância...

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só...


nossa musica...


Non siamo angeli in volo venuti dal cielo
Ma gente comune che ama davvero
Gente che vuole un mondo più vero
La gente che incontri per strada in città


final da ultima Copa... Italia Campeã... e a gente assistiu....

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo
O mesmo que você...


vc vivia cantando isso... e só agora eu entendo...



poderia passar horas colocando trechos de musica pra vc lembrar de mim....
mas naum é isso q eu quero quero realm ente que vc seja feliz, independente de onde ou com quem, se vc estiver bem... eu acho que minha vida terá sentido... e eu serei feliz...
desculpa pela tristexa Nan, mas é que gostaria de estar com vc hj e pra sempre...

Parabens.... viva muitos anos, afinal como eu já disse em "guarda-te" tu és um porto seguro para o mundo...
I'll always love you and I'm with you, forever!

beijos
Ed!



foi mal gente do blog, sei que vcs não querem coisas tão bregas... mas essa garota a Nan, é a razão e a emoção por tras de quase todas as minhas poesias! sem ela simplesmente não haveria Edgar Izarelli de Oliveira o poeta que vos fala...

abraços a tds
Ed

domingo, 14 de março de 2010

Ta mais Proximo!

ai gente novidades sobre meu segundo filho, digo livro!
ja fizemos o ultrassom do 8 mes!! hehehehe quer dizer, a primeira revisão depois de editado... acabei de fazer isso ainda ha pouco, ja mandei emails para o medico, digo editor, com algumas observações para saude do baby, digo da obra.
agora só falta o ultimo prenatal e o parto!!!
meu segundo filho ta nascendo!!!