A poesia dessa manhã de sábado, escrita ontem à noite ou hoje de madrugada, é resultado de uma busca intensa que fiz dentro de mim. Depois de algumas situações que a vida, ou Deus, nos prepara, experiencias que até podiamos viver sem culpa , na maioria das vezes, e não conseguimos... Não por que estamos presos ao passado ou ao futuro, mas por que aquilo simplesmente não tem o plano do conteudo ou, se tem, não é tão forte e não é tão gostoso de viver, deixando só a forma vaga daquilo que não o é ...
Eu, como pessoa, me conmsidero um poeta e, nesse ponto, personalidade, prazer e profissão se misturam em uma só coisa indivisível. Não gosto muito de coisas superficiais e passageiras, sou amante das coisas intensas que deixam marcas profundas por mais dolorosas que sejam elas. Para mim, como para Lucas, o corpo só é bom enquanto tem siginifiocado; quando se torna significante puro, já não importa mais o prazer que me dá, vou sentir falta, saudade, vou desejar de volta as palavras e os gestos simples de Stella que deixei no altar, suspensa sobre as dúvidas que me traz um corpo ardente de uma mulher mais velha. E depois? Tenho que depurar minha alma.. Para desc obrir um novo sentido para mim e para o mundo...
Francamente, estou aqui limpando minha alma e revirando minhas mentiras internas... Já sei o que eu quero. A questão é que, como aconteceu com Lucas & Stella, também não dei o devido valor ao que de mais valioso que um homem pode sentir. Achava que existia algo além e hoje vejo o quão bestia pode ser a ambição humana. A diferença é que nos contos posso fazer Saturno representear Lucas com mais do que perdeu, aos poucos, bem lentamente, por merecimento. E na vida real? Será que Deus tem um pouquinho de Saturno dentro de si? Quero acreditar e ter fé que sim!
Tudo isso é metáforio, gente.. Encarem como um depoimento secreto de um homem que nunca existiu no Retorno de Saturno.
Bom, quem conhece meu trabalho sabe que existem constantes e fases. Amor, Vida, Paixão, Amizade, Morte e Realidade, se confuidem e se entrelaçam o tempo todo na minha poesia e prosa. Agora vos apresento "O Templo Gigante da Minha Alma Pequena", tem a ver com tudo que escrevi acima e mais ainda, faz um oposição entre o que as pessoas acham que sou e sou de verdade.
O Templo Gigante da Minha Alma Pequena
Edgar Izarelli de Oliveira
Milhões de almas já passaram diante desses portões trancados.
O centro das inexplicáveis adorações...
O paradigma mais próximo da fé.
Acreditam que o que quer que esteja preso ali dentro é brilhante
Sem se atrever a pensar que pode ser algum monstro...
E esperam ansiosos pela chave das portas.
Milhões de almas já passaram aqui,
Cada qual com sua história e sua interpretação,
Cada qual com seu ritmo, seu jeito, sua mania,
Cada qual com suas esperanças de rever o segredo fechado,
Cada qual portando em sua oferenda o desejo de possuir um pouco mais de mim.
Algumas me trazem palavras cheias de brilho.
Algumas me deixam pequenas estatuetas de vidro;
Algumas me escrevem pequenos versos de romantismo,
Enquanto outras, mais ardentes, preferem me dar a realidade de uma noite a dois.
Outras ainda me deixam abraços zelosos e atitudes amigas...
Outras, mais desesperadas, falsificam chaves pra abrir meu coração
Ou tentam arrombar a porta a tapas e pontapés...
Estas, coitadas, se abrirem a porta encontrarão o silêncio mortal
E não terão nada mais que um minuto olhando pilastras tortas.
Só aquela que tem a chave da sutileza abrirá a porta desses mil anos.
Todos a esperam com a fé inabalável de criança em noite de natal.
Milhões de almas já passaram por aqui... E de que adianta?
As paredes escuras desse templo não pedem oferendas ou provas de fé!
Não quero receber romarias pagando promessas
Nem ser centro de peregrinos famintos de milagres.
Não sou milagreiro, sou homem comum, homem que ama, que faz versos,
Homem de simplicidades em complexos emaranhados...
E, acima de tudo, homem que espera a liberdade voltar.
Mas entre milhões de chaves de metal, pés-de-cabra e grampos-de-cabelo,
Ainda não voltou o amor sincero.
Ainda sou um templo de segredos fechado para visitantes.