EdLua.Artes

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Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Primeiros Classificados



Procura-se um novo poeta
                                               Edgar Izarelli de Oliveira

Procuram-se as minhas mentiras,
Porque as minhas verdades eu já conheço
E, pra ser sincero, já me enjoaram!

Procuram-se as minhas ilusões,
Por que vivo em realidades que não desejo
E, pra ser bem franco, já me enojaram!

Procuram-se minhas artes,
Por que as ciências é que me parecem devaneios
E, pra ser bem prático, minhas teorias é que me condenaram.

Procuram-se novas histórias pra contar,
Por que contar sempre a mesma já está me causando desnorteio
E, pra ser bem correto, os mesmos roteiros me desordenaram!

Procuram-se novos sonhos,
Por que, nestes cantos, o peso da insônia já interveio
E, pra ser bem carente, os pesadelos é que me despertaram.

Procuram-se novas emoções também,
Sentir sempre as mesmas já me privou de muitos sentidos e ainda estou num tiroteio
E, pra ser bem direto, mais de uma vez as mesmas balas me acertaram.

Procuram-se novas poesias,
Não quero mais falar de sentimentos que desconheço
E, pra soar bem poético, posso afirmar que meus amores me enterraram.

Procura-se, dentro de mim, um novo poeta
Que consiga me fornecer outros começos
E, por ser bem discreto, outras formas que já me libertaram.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nova linha de trabalho....




Classificados
                                   Edgar Izarelli de Oliveira


Meu coração é um velho decrépito
Que rasteja pelas ruas da cidade,
Arrastando sua sacola preta cheia de palavras,
Recolhendo mágoas em lata de lixo e solidão em caixas de papelão,
Pra trocar por moedinhas de esperança na bolsa de valores de um novo decreto!
E, para conseguir algum crédito com os gerentes do Divino Comércio,
Vive espalhando poesias nas esquinas, nos semáforos, nas portas das faculdades,
Nas mesas dos bares, nos quartos de motel, nos parques, nas praças...
Mas que valor tem a poesia? É apenas uma extensão de significado em vaga expressão...

A poesia não tem valor para quem passa sempre apressado
Nem pode ceder alívio aos corações estressados,
Já que não pode mudar para verde o sinal fechado
E fazer andar as vidas nos solitários veículos parados...
A poesia não tem valor nenhum para pesquisas cientificas
Nem para bêbados que querem esquecer um pouco o peso da vida.
A poesia não tem valor para casais apaixonados que buscam um prazer imediato
Nem para pessoas normais que preferem manter o coração congestionado...

A poesia não vale nada pra quem, depois da correria diária, chega cansado em casa.
Muito menos pra quem sai às cinco da manhã pra procurar emprego e volta frustrado.
A poesia é exigente e seletiva antes de ser parte macia de um lugar confortável.
A poesia é trabalho, é crescimento, não serve pra relaxar, mas ameniza o fardo.  

A poesia não tem valor nem mesmo para os artistas
Para eles, a poesia é uma amiga bem-quista e muito confiável.
Para os poetas então... nem se fala! A poesia é presença física
Que lhes dá, como a mulher amada, um prazer incomensurável...
Para quem está sempre se doando a ela pra ser pista de pouso de aeroporto,
Recebê-la nos braços é perceber que a vida é mesmo algo inestimável!

A poesia só tem valor para alguns, para poucos, para raros, para os belos...
Para aqueles que sabem parar pra se admirar sem temer o preço que se paga
Pra mudar o foco e perceber que o mundo exterior é inalcançável,
O interior é inexplicável... E, mesmo assim, a poesia fala! A arte não para!  
A poesia só tem valor pra quem realmente se ama e pra quem muito se engana...

A poesia que meu coração se exaure para distribuir,
Só terá valor quando toda essa gente se lembrar de assumir que sente
O amor vibrar, a angústia contestar, a alegria espreguiçar e a tristeza ruir
O corpo da realidade materialista que prende a alma à mente...

Meu coração revoltado se deixa à margem da beleza da poesia
E, só pra conservar a prática da escrita, dedicar-se-á aos classificados!
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Boa tarde, gente!
Essa poesia é a abertura de um novo trabalho na minha poética. Não se trata de uma idéia totalmente original. Creio, até, que foi recorrente em décadas passadas, mas, para mim, é um novo estilo que venho pensando em desenvolver há anos e que ficou mais forte nos últimos meses... Decidi começar a desenvolver... A poesia acima é uma exposição de motivos e uma introdução a essa nova linha, digamos, comercial... Mas, pra quem gosta dos outros estilos, aviso que podem ficar calmos, essa linha vai ser paralela ao "Bom Dia", o estilo principal continuará sendo o mesmo...  
Abro agora a linha de "Classificados".
Abraços Ed!