EdLua.Artes

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Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Lançamento...

Bom gente, estou indo lançar o Infinitivos em Ubatuba, conforme anunciado anteriormente... Mas não vos deixo sem um poesia nova...

Uma Última Prece

Edgar Izarelli de Oliveira


Minha morte completa ainda não veio...

Ainda tenho um pouco de ar dentro do caixão...


Minha respiração fraca não me permite alçar-me a um futuro,

Mas ainda tenho, em meu corpo ferido e no meu decrépito coração,

As lembranças dos sonhos, e a saudade sem cura, e o desejo de coração,

A esperança e a fé se misturando pra uma última prece.


Espero que essa prece alcance o céu...

Espero que ainda dê tempo de assumir o que quero...

Espero que eu possa dormir em paz na relva...

Espero que esse último fôlego se extinga rápido

Ou me abençoe logo de uma vez, me trazendo algum futuro

Aos meus anseios pelo que acabou...


Morte, me leve pra longe,

Onde a fênix ainda possa renascer,

Onde a mão macia da deusa ainda possa me dar o remédio certo,

Onde, por ventura, eu encontre o sono confortável...


O tempo fecha a porta do mausoléu.

Apenas uma pessoa tem a chave e o remédio anti-morte...

Enquanto ela não vier, estarei em coma...

Morrendo aos poucos...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A Cripta


Edgar Izarelli de Oliveira


De longe, o mundo sempre verá um muro colorido,

E grandes portões de entrada abertos,

E espaçosos campos floridos....


Quem se aproximar, talvez perceba o cinza enferrujado das grades,

E as cores desbotadas da vida murchando no muro,

O jardim destratado, o caminho de pedras cheio de musgo

Se encarregará de conduzir a vista à capela central...


Quem ali entrar, terá de seguir o caminho,

Por que o portão se fechará

E, então, quem sabe, veja as cruzes de pedra e madeira fincadas no chão,

E os ornamentos e flores sagradas, os nomes das virtudes enterradas...

E se conseguir passar por esse pesadelo, quem sabe, note o cemitério

E descubra a cripta no mausoléu com fachadas divinas...


Se enxergar, por baixo da poeira dos tempos e das camadas em degrade,

Quem sabe, encontre o caixão de vidro que resguarda

Os restos mortais de um trovador e suas trovas finais

Escritas à tinta vermelha sobre seu corpo,

Com caligrafia carinhosa de mulher e os caprichos da paixão...

E talvez pudesse ler a última estrofe de uma canção:


“O caixão de vidro guarda meu corpo sem vida.

Meu corpo sem vida é cripta de uma alma morta,

Minha alma morta me serve, ao menos, de túmulo

Ao mistério que ainda se debate na cova do esquecimento...

Ainda procuro a resposta plena e absoluta.“


E, quem sabe, repare na expressão profunda de seus olhos vidrados

Procurando uma resposta além da vida humana...

A pergunta no teto, a atmosfera talvez caia sobre quem a lê...

“Morri de amor, o amor morreu em mim ou o amor morreu de mim?”


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reitero o convite para o lanlamento de "Infinitivos: Onde Tudo é Possível"