EdLua.Artes

EdLua.Artes
Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

sábado, 15 de setembro de 2012

Sentimentos de um dia...

O Oitavo Espectro da Saudade

Edgar Izarelli de Oliveira


Passar o dia desanimado não me seria tanto problema

Se, ao menos, eu conseguisse converter o tédio em ócio criativo,

Mas a saudade domina meus pensamentos até que eu canse da luta

E comece a lembrar de datas, dos horários, dos tons de voz, dos abraços, dos sonhos...

Na verdade, já faz algum tempo que sinto se aproximar de mim,

Pacificamente e sem me deixar saídas plausíveis ou reações cabíveis,

Essa sensação estranha que força um elo a mais para correntes, já separadas,

De coisas abstratas que ainda parecem fantasmas tomando formas vagamente visíveis

Só pra que eu não esqueça que o oitavo ciclo do inferno é o paraíso mais perfeito.

No começo, eu achei que era algo passageiro que, depois, foi parecendo desespero,

Mas hoje eu sei que é saudade pura, daquela que pulsa nas veias, nos músculos, nervos.

E quem diria que, depois de tanto tempo, me faria tanta falta esperar por alguém?

Quem diria que eu passaria horas criando pretextos inexistentes pra combater o medo

De telefonar só pra ouvir a voz da pessoa amada, como se isso fosse crime inafiançável?

Quem diria que o querer por querer um dia não bastaria pra pessoas que se gostam...

E seria preciso querer precisar pra poder reatar as linhas da comunicação possível?

E quem diria que eu repetiria, algum dia, a mesma pergunta sorrateira:

Só por que a relação acabou o amor, agora, é carta rasgada que ninguém nunca lerá?

É tão proibido assim mostrar afetividades sinceras a quem não nos integra mais?

Sei lá, mas essa saudade me induz a querer precisar querer estar por perto...

Só pra descobrir que o oitavo espectro da saudade é a própria saudade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Para explicar uma coisa básica, só uma poesia me serve

A Matéria-prima


Engana-se quem acha que a poesia é feita de palavras.

Palavras são pregos, pinceladas, toques, canais, coisas fortes e banais.

Palavras são os instrumentos, não a música.

Palavras são os atores, não a cena.

Palavras são os tijolos, não a casa.

Palavras são os passos, não a dança.

Palavras são os atos, não a filosofia.

Palavras são os sentimentos, não a sensação.

Palavras são as armas, não a guerra.

Palavras são esculturas numa base de papel, não a matéria-prima.


A poesia pode ser feita de areia, de barro, de plástico, de cerâmica,

De argila, de madeira, de mármore, de metal, de vidro, de gelo...

Poesia pode ser feita de material reciclado, de lixo, de restos, de sobras, de faltas.

Poesia pode ser feita de ar, de fogo, de raios solares, de neblina, do luar...

A água é sempre boa matéria, maleável e inconstante, mas sempre presente,

Pode nos dar lágrimas, poças, poços, lagos, o movimento dos rios e as ondas do mar.

Poesia pode ser feita de amor, de prazer, de tristeza, de alegria, de raiva, de pensamento.

Poesia pode ser feita de pólvora negra.

Há poesias feitas de penas.


Poesia pode ser feita de pessoas, de lugares, de situações, de vidas, de mortes, de sortes...

Poesia pode ser feita de cores, flores, fotos, de fatos, de contos, de muros, de murros,

De telefonemas, de cheiros, de olhares, de sorrisos, de cabelos brancos, pontes, pontos,

Folhas, carrosséis, medos, lutas, conquistas, cidades, doenças, campos, solidão, fé...

Há até poesias feitas de poesias. Poesias feitas de nada, de silêncio, de possibilidades.


A poesia pode ser feita de qualquer coisa, mas sempre acaba por ser a mesma coisa...

A lápide de cristais lapidados a lápis ligada por uma linha lilás à leveza das estrelas,

Onde repousa o peso das palavras que encontram olhos numa correnteza de sentidos!


Edgar Izarelli de Oliveira

domingo, 9 de setembro de 2012

Haikai Inspirado En Mi Amor

" Quem é Deusa
Ilumina pela fé,
Não por milagres!"


Edgar Izarelli de Oliveira