Trilhas Sensíveis (aprendizado, equilíbrio exagerado e surpresas emocionantes)
Edgar Izarelli de Oliveira
Com o passar dos anos, vamos aprendendo as virtudes que nos convém
E repreendendo particularidades sinceras pra, quem sabe, apreender um futuro melhor...
E, neste processo, acho que acabei levando a serenidade muito a sério
E exagerei no equilíbrio frontal da minha vida..
Acho que deixei o controle emocional me controlar,
Formando labirintos de razões para não chorar.
Infelizmente, me esqueci que não dá pra separar muito bem lágrimas e sorrisos;
Com isso, só o que consegui foi ir construindo silêncios e especulações,
Trocando minha espontaneidade, meus impulsos e meus instintos,
Por blocos de concretismos e grandes falhas entre meus pulsos,
Até esgarçar completamente a fina linha lírica de poesias
Que mantinha meu coração um pouco acima da linha alcançada pelo meu olhar terreno
E me permitia a convivência tolerável com a normalidade.
Posso até ter conquistado uma base sólida de sabedoria e sensatez,
Mas de que me vale tudo isso, se, sem ímpeto, a ação se limita à reflexão;
E mesmo a sinceridade foi trincada devido aos choques consecutivos com a realidade?
Hoje, tudo o que posso fazer é assistir os acontecimentos através de janelas fechadas;
E, com um sorriso irônico nas faces, esperar algo que, num lance surpreendente,
Quebre a repulsão estática que criei com essa corrente de pessimismos semi-novos
E rasgue a rede de raciocínios regulares que impede a explosão da expressão escrita.
E, no final, eu reconheço: Preciso da expansão das emoções que já ofereci como esmola
A qualquer um que as quisesse ou necessitasse ter um pouco mais de sensibilidade;
Mas descobri recentemente que o vazio me dói mais que a angústia ou tristeza...
Eu tinha medo. Medo de que a decepção, sempre sádica, me apanhasse desprevenido.
E, mesmo parecendo cinismo, assumo, sou eu quem mais precisa de trilhas sensíveis!