A porta fechada.
A luz ilumina as fotos, os troféus, as medalhas e o ninho.
Me vejo refletido no vidro da janela,
Dentro de mim há uma cidade escura...
Onde brilham algumas lâmpadas acesas...
Algumas estrelas que caíram do céu.
Me distraio a procurar um sentido além do meu olhar...
Nas ruas da cidade, nas luzes da avenida,
Nos carros que passam na rodovia,
Nas casas do bairro em frente...
Procuro abrir meu coração pra mim mesmo...
Procuro algum amor dentro de mim!
Me perco no trânsito dos meus pensamentos,
Me traio na colisão dos meus desejos e emoções,
O reflexo da minha solidão é um olhar assustado
De quem quer amar sem coragem de ser assaltado,
De quem perdeu a chave de casa,
De quem esqueceu de abrir os portões,
De quem já se derrete em lágrimas antevendo os lamentos,
De quem já sabe que perdeu a estrela gêmea de sua vida,
De quem agora se arrisca nas esquinas, procurando outra partida!
Meu reflexo me olha com medo de mim,
Me olha sem saber que conselho me dar...
Se tenho o que quero, falta alguma coisa,
Se não tenho, qualquer coisa serve!
Há tempos me perdi no catálogo...
Há tempos desisti de me encontrar refletido nos olhos de alguém,
Há tempos desisti de me encontrar em alguém,
Há tempos desisti de me encontrar em qualquer lugar,
Há tempos desisti de me encontrar,
Há tempos desisti de mim.
E quando algum deus resolve fazer caridade,
Eu aceito a esmola sabendo que não vai durar nada,
Mesmo que seja o que eu mais queira:
A mulher que reúne em si tudo o que mais prezo,
O motivo pelo qual eu me ajoelho e rezo.
O reflexo me acusa de falso
E eu respondo que é tentativa,
Quero me encontrar de verdade,
Nem que para isso tenha que desistir do amor,
Nem que para isso tenha que derrubar minha casa
E reconstruir-me tijolo por tijolo!
Quero acreditar que tudo pode acabar bem...
Quero acreditar que posso ser feliz...
Não, não, não. Quero acreditar que milagres são naturais
E que cedo ou tarde a minha estrela aparecerá!
O reflexo do meu olhar foge de mim...
Vejo no horizonte, nas asas de um anjo,
A Noite passando devagar...
A Lua abençoando meus amores,
O Vento soprando meus pesadelos,
O Sereno lavando as ruas de meu coração
E um Raio cortando meu medo pela raiz...
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
E enxugar meus olhos!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Me trazendo a calma!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Nos reflexos de meus óculos!
Abro a janela,
Deixo a Noite entrar
Nos sonhos da minha alma!
Abro a janela
E deixo a Noite entrar
Pura e sem reflexos!
Edgar Izarelli de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário