EdLua.Artes

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Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Para refletir enquanto acabo o conto.

Good Dawn, People... (boa madruagada deveria mesmo existir) ...
Hum... Seguinte, estou postando essa poesia por um motivo a mais do que minha consideração por ela... Estamos discotindo em outro blog, o blog da minha Rosa (alias ainda to devendo a Rose theory pra vocês), acerca dos efeitos do tempo e da dor na nossa vida... Ai me lembrei desta poesia, escrita a mais ou menos um mês quando descobri que a dor ajuda mais que atrapalha... Bom, pra quem gostava do Ed sentimental e romântico cho que vão se decepcionar bastante com a nova fase da minha "lírica", se é que dá pra chamar assim... Mas, de coração, espero que se não gostarem ao menos pensem nisso. Essa nova fase tem tendências a ficar bastante tempo comigo, intercalada com o romantismo mórbido do inicio do ano, pois uma provém da outra. Não esperem muito mais poesias como "Epifania" ou "Poesia Feliz" ou "Ninho das Certezas"... Bom, ai vai!

Carpen Nocten
Ed

Dor Amiga

Edgar Izarelli de Oliveira


Não sou masoquista...

Que bobagem! Sou poeta...

Pertenço à arte e dizem que o sofrimento inspira,

Mas, a verdade é que sou humano, não máquina de escrever!

Nenhum humano gosta de sofrer e não sou masoquista,

Mas a dor me trouxe tanta coisa boa...

Eu parei de lutar...


A dor me trouxe novas pessoas em novas experiências,

A dor me levou a novos lugares onde sou melhor recebido,

A dor me fez quebrar as regras e me soltar das correntes,

A dor me deu novos olhos e olhares, novos objetos de apreciação...

A dor inaugurou meus novos estilos, novos meios de me expressar!


A dor me ensinou tanta coisa que eu nem supunha existir,

Me mostrou o valor que eu tenho e o valor que as coisas têm...

Como as pessoas podem ser diferentes, como o silêncio pode ser barulhento....

Como a fome pode não significar muita coisa para quem tem carência de amor...

Como as circunstâncias, os pensamentos, as certezas e erros são coisas dúbias...

Como uma promessa quebrada pode machucar menos que uma jura cumprida...


A dor me ensinou a viver sem coisas completas, só com metades...

A dor me deu de presente uma lente de aumento,

Pude enxergar milimetricamente onde estão meus pontos fracos...

Mas perdi a capacidade de julgar o que é meu e o que sou eu...

Perder contornos e sentidos diluídos em lágrimas

Até que não é tão ruim quanto parece...


A dor que quase me matou foi minha salvação...

Foi meu casulo e meu fermento...

Apenas acho que cresci, mas a confirmação só daqui a algum tempo...

A dor me ensinou outros valores de fé, mas não foi assim tão tirana

E pude escolher o que fazia a minha esperança brilhar mais alto...


A dor me ensinou a construir e destruir defesas e ataques...

Deixando a mim apenas a sabedoria de, quem sabe, notar momentos certos...

Deixar meu templo aberto, meu livro sagrado aberto,

Mas eu, o grande mago, reservo uma hora para descansar...

E me mantenho vigilante dos meus segredos, minha vida, meu tempo...


A dor é sempre sábia, se sábia for a alma que vive...

É preciso ter a coragem de ver depois do choque

O que ainda pode se aproveitar dos cacos no chão...

E é preciso aguçar o dom da observação para perceber

As pequenas pétalas de vida desabrochando embaixo das cruzes do cemitério...

É preciso ter paciência para ver a beleza nascer

Depois dos sustos necessários da névoa da madrugada...

E, acima de tudo, a humildade de aceitar e agradecer até o que fere...


Eu agradeço, dor, minha nobre amiga, por me acolher e me aquecer...

E não deixar que meu coração endurecesse, virasse gelo eterno!

Agradeço, dor, por tudo, do fundo de um coração que já gritou muito,

Mas agora conserva sempre uma foto tua na carteira e a lembrança na mente...


Mas todo esse conhecimento ainda me parece premio de consolo, ilusão...

Quando me lembro da felicidade daquela vida que andava sozinha,

Sem força nem bengala, e hoje rasteja implorando alguma piedade.

A luz daquela estrela brilhante hoje é buraco negro egocêntrico.

Mas a dor, amiga, me trouxe o que de melhor sobrou para mim...

E eu agradeço a injustiça já que, ao menos, me deixou a tristeza de companhia!