EdLua.Artes

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Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Nota de Viagem:

"Nunca deixe para as ruas estreitas da cidade,
A ultrapassagem tranquila
Que se pode fazer na rodovia,
Ou a lentidão do caminhão de grandes toras em frente
Pode atrapalhar a subida do morro e a volta pra casa!"

Edgar Izarelli de Oliveira

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

poesia para juventude!

17 Versos de Juventude

Edgar Izarelli de Oliveira



Que a salvação do mundo seja semeada nos corações desde cedo,

Mas que nunca seja muito tarde pra descobrir a cada dia um novo berço...

Que o amor e respeito possam se enraizar no mecanismo inconsciente,

Que os sentimentos sejam simplesmente aceitos como parte natural da gente

E que, cada vez mais, a coragem racionalize as escolhas em processos conscientes...

Para que o caminhar revele aos sentidos a pequena arte da sabedoria!


Que arte esteja sempre preservada com o carinho de nunca ser silenciada

E que, ao ser regada com o menor raio lunar carregado de inspiração,

Possa estourar em luz a fina casca de banalidades rotineiras do cotidiano...

Que a criatividade germine em qualquer terreno e com qualquer adubação,

Mas traga sempre a mesma felicidade ao se expressar e ser apreciada...


E que toda essa juventude seja apenas a primeira semente de esperanças

Capaz de florescer, sentir e manter a conduta das tão desejadas mudanças,

Porque, pra derrubar as barreiras da estrada, é preciso determinação e auto-confiança,

Mas é fundamental que se mantenha viva a alma inventiva das crianças

Para que o equilíbrio distante se aproxime com a experiência de saber ver,

Nas mais bruscas disparidades, as mais belas semelhanças que se pode transparecer!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Gênesis - 17º Capítulo

Eu estava vendo claramente que as personagens do livro representavam dois lados da personalidade da autora; sim, eu estava certo, ela tem a mente astuta de Pietro e o emocional ardente de Walter e me é inacreditável como os dois trabalham juntos. Parece que quanto mais as emoções dela são tencionadas, mais a razão é capaz de responder à altura, exatamente como no livro, quanto mais Walter parecia louco mais astuto parecia Pietro. Então ela sabe que sua mente trabalha assim... Ou não, mas é assim que o subconsciente dela percebe o mundo e isso se reflete na escrita que ela faz... E eu não parava de me perguntar “então pra que as idéias suicidas?” E a resposta, só ficou clara depois de ouvir a continuação da história que ela falou em tom mais triste...

- Ele me olhou num olhar distante quando me aproximei dele para um abraço bem gostoso, mas o abraço foi frio, embora seu corpo estivesse febril... Ele estava mesmo doente, o que explicava a pouca conversa no carro... Ele me olhava, parecia querer falar algo, mas não conseguia. Eu achei que era muito grave a doença dele, ele já tinha ficado doente antes, mas nunca a ponto de não conversar comigo, nem em casa ele falou comigo, foi direto deitar e acho que ele me viu pelo espelho do banheiro enquanto eu trocava de roupa para dormir, viu que eu não estava com nossa aliança.. Por que no outro dia, ele parecia melhor, mas ainda estava frio... Eu bem que tentei me aproximar, mas não consegui... E na quarta ele... Logo de manhã já tinha as malas prontas... Terminou dizendo que tinha a ver com o pingente, que eu estava sem...- e começou a chorar olhando pra mim.- Eu tentei explicar a verdade pra ele umas mil vezes, mas ele só diz que não pode voltar comigo... Já dei um tempo, já liguei, já escrevi cartas, mas ele não fala mais comigo de jeito nenhum. Acho que ele me acha uma pessoa falsa...- e seu choro aumentou se tornando desesperado- Mas eu não sou!!! Não sou falsa!!! Posso ser louca, burra, ingênua e mais um milhão de coisas, mas falsa não! Foi... Foi por...- e o choro se tornou compulsivo.

- ... Gostar muito de toda a história que vocês tinham, você quis proteger isso, eu sei...- completei num tom sincero que não usava mais, depois de sentir a segunda grande quebra da minha mente. Mentira também corta relações... Eu tinha aprendido a mentir da maneira mais difícil, perdendo relações importantes por ser sincero. Agora rio de mim mesmo! Marília me mostrou que, na verdade, Letícia e eu estávamos errados, embora minha amiga tenha chegado mais perto de encontrar o que realmente minha mente fazia. Eu queria tanto manter uma relação com alguém que tinha sacrificado e até invertido valores. Felizmente ser sincero para mim, é andar de bicicleta. E Marília me deu uma nova relação que eu quero manter. No hotel, eu só pensava em achar uma explicação, um sentido pras ações de Paulo, até por que Marília precisava parar de se sentir culpada e traidora. Ela estava indo pelo mesmo caminho que eu e era isso que eu quis evitar quando disse:- Mas, que materialismo! Terminar uma relação por causa de um pingente! Ta certo que tinha toda uma conotação, mas, mesmo assim, Marília, mesmo somando o fator de uma pequena mentirinha, ainda não faz sentido terminar uma relação de seis anos por isso.- emendei querendo garantir alguma lógica pra mim e pra ela.- Veja bem, pelo que você me disse, a relação de vocês já estava desgastada, talvez toda essa história tenha sido só um pretexto pra terminar, ou pode até ter sido a gota d’água, digamos assim, mas acho difícil conceber que seja o verdadeiro motivo... Ainda mais se incluirmos fatores como ele já estar distante antes de perceber que você estava sem o tal colar, antes até de ir viajar, ele viajar sem você e voltar ainda mais estranho. Pode ter acontecido algo na viagem, algo dele, uma epifania particular, alguma pressão externa...- coloquei todas as cartas na mesa e pude observar seu olhar e sua respiração mudando devagar.- Você está se colocando como promotora, ré e juíza ao mesmo tempo. Você cometeu erros, é humano... Tão humano que a gente só se afirma, enquanto sujeito, a partir do momento que erramos... Não se martirize assim! Você não traiu ninguém, mesmo que ele tenha de fato entendido assim, o que ainda não sabemos se é fato verídico ou se você está interpretando assim por causa da tristeza que está sentindo... Enfim, por mais que ele tenha se sentido assim isso é uma sensação dele. Assuma só o que você fez: Você queria proteger uma relação. Deixa isso bem claro pra si mesma e, veja, você está aprendendo a lidar com esse tipo de reação para que da próxima vez ela não se repita...

- Tem razão... Carlos, eu não trai ninguém! Pensando bem, não faz muito sentido mesmo, Paulo não é assim apegado à matéria, mas sim aos laços... Ele nunca me deu coisas caras, todos os presentes que ele me dava eram mais sentimentais e simbólicos...- refletiu verbalmente, olhando para o canto superior esquerdo do balcão de recepção do hotel, onde haviam alguns vasos de flores, após algum tempo.- Esses dias estive na casa da minha mãe...- continuou ela me olhando com aquele olhar espantado, e mais calmo; me surpreendi, a mente dela só precisava de um empurrãozinho pra encaixar algumas peças fora do lugar. Bom, não devia ser assim tão espantoso, o “pesar”, quadro especifico de depressão que ocorre quando uma relação é cortada por qualquer motivo, demora de três a quatro meses para começar a ceder e é inclusive considerado, no ramo da psicologia, como, senão a mais saudável possível, a reação mais natural ao se passar por uma situação dessa. Eu relaxei quando reconheci melhor o quadro geral, mas ainda não explicava e nem combinava muito com tudo que eu tinha visto. Em todo caso, fiquei feliz de ver que ela estava ao menos com um pé na realidade.- E ela me disse algo assim. Mas, Carlos, não haverá uma próxima vez... O pingente... Foi roubado... E pensar que eu fiquei tão esperançosa quando o encontrei, achei que finalmente Paulo ia falar comigo...Esperava que se eu mostrasse que eu ainda tinha o pingente... De certa forma eu provaria que nunca traí ele... Agora parece besteira, mas quando minha amiga me disse isso, com tanta base na vida dela, hoje à tarde, eu realmente achei que tinha sentido. Me arrumei toda na casa dela, peguei esse vestido emprestado. E ela já tinha até conseguido o endereço dele pra mim... Ela também descobriu que amanhã de manhã ele pega o certificado de mestrado da faculdade e, logo depois, vai embora pro interior... E, Carlos, eu preciso falar com ele, preciso saber a verdade... Hoje era minha última chance e toda minha esperança, tudo que eu havia escrito na carta que demorei a tarde escrevendo, tudo isso que cultivei num único dia foi... Roubado por um mendigo faminto... Se tudo desse errado, Carlos, eu devolveria o pingente... Mas nem isso eu posso mais fazer...- parou por uns instantes, só que dessa vez ela estava serena.

Agora sim, tudo fazia sentido! Ela tinha mesmo perdido mais que um bem material, ela havia perdido toda a segurança de ter algo para fazer com algo material que Paulo apreciava. Por isso o choque ao ser assaltada. Acho que ela nem tinha se assustado com assalto em si, me parece que esse tipo de choque não era nada, simplesmente não teria significado nenhum pra ela, não hoje, não dentro daquela situação. Provavelmente ela tenha sentido toda a dor que viveu nos últimos meses, quando viu o único objeto que representava toda a relação sendo roubado, deve ter sido como perder o Paulo de novo. Agora eu podia entender tudo.

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Continua... 12/2/12 às 15:00

Por favor comentem o que acharam do capítulo de hoje.

Abraços Ed

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Frageis Consensos

Frágeis Consensos

Edgar Izarelli de Oliveira


Quando a vida me surpreende com mãos frias

(talvez manipuladas por tiranas linhas inconscientes)

Levando pra longe o valor acumulado dos dias

E virando do avesso a fina trilha de sentidos,

Apesar do acerto e da confluência de mente e coração

Em buscar o humano e o divino no mesmo corpo físico e filosófico

E ter a certeza de ter encontrado o melhor e mais raro tratado poético;

Eu até tento inovar, mas acabo sempre num boicote consciente,

Errando de propósito ao dizer coisas estupidamente sinceras,

Só pra entrar, de novo, no caminho solitário e já tão clássico da minha psicologia

E, assim, repisando velhas falhas discutidas por argumentos já conhecidos,

Tento desvirar os mundos e decifrar os mesmos velhos códigos que me indicam

Qualquer justificativa, qualquer motivo, para esse sentimento de perda,

Para que, ao menos, eu sofra só as velhas criptas de poesias já escritas.

E, mesmo assim, ainda assumo, correndo o risco de cair em contradição completa,

Mas sem sacrificar o frágil consenso com a minha própria essência:

É este o romance enigmático e inteligente que quero continuar escrevendo

Desde o gênesis da inspiração até os últimos três pontos de vagas explicações...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Gênesis - 16º Capítulo

– Você não quis apontar como um erro, mas deve estar pensando que foi sim...- disse ela me olhando nos olhos.- Paulo tinha um olhar muito parecido com o seu quando voltou de viagem, na Segunda de carnaval. Logo percebi, tinha algo errado... Ele me ligou a cobrar da rodoviária, de madrugada com a voz meio triste, me pedindo para ir buscar ele por que estava chovendo e ele estava sem guarda-chuva e gripado... Tudo isso um dia antes do previsto...- ela fez uma pausa, cruzou os braços se abraçando e continuou.- Isso fugiu muito do que eu conheci de meu namorado. Ele sempre foi programado e pontual, sabe aquelas pessoas que, se marcam um compromisso, pode ser o que for... desde entrevista de emprego a festas na casa de amigos... se marcam às, sei lá... 3:18 da madrugada, é exatamente essa hora que chegam... se tem alguém que faz isso é o Paulo, sabe... Ele diz que não gosta de deixar as pessoas esperando, mas também não pode ser adiantado por que tem as coisas dele pra fazer e por que incomoda as pessoas chegar mais cedo... Ás vezes, ele é muito chato com isso, mas eu aprendi com ele a me programar para as coisas importantes. Eu amo até isso nele! Essa capacidade de me ensinar coisas importantes pra vida... Sem dúvidas eu cresci muito com ele e agora...- ela parou e me olhou com cara de quem está quase chorando, mas acabou engolindo o choro. Da minha parte, até me lembrei de tantos medos que havia enfrentado por Felícia e de como eu ainda pensava que a separação havia acabado com meus planos de vida; mas me interessei muito mais pela característica de Paulo e suspeitei de algum trauma muito forte, provavelmente de infância, na vida dele, ou podia ser reflexo de uma educação rígida por parte dos pais ou responsável que utilizou como exemplo. Não falei nada para ela, mas obsessão compulsiva por horários só faz as pessoas ficarem estressadas, ainda mais numa grande metrópole como essa, não ter flexibilidade aqui deve tornar a vida praticamente insuportável. Ela continuou, com a mesma carinha triste e as mãos mais quietas.- Bom... Era estranho demais ele voltar, assim, de repente, sem avisar, mas a esperança dele ter voltado mais cedo por saudade ou para mim cuidar dele...Tanto faz... O importante era que ele queria ir para casa comigo e eu estava pronta pra ele, mas...- ela não agüentou, colocou o rosto entre as mãos e chorou.

E, de novo, aquele choro me prendeu a atenção... Mas desta vez eu descobri por que... De repente, todo o peso da estupidez que eu havia posto nos meus ombros estava sendo retirado. Não era mais tão ridículo assim chorar durante meses por amor, afinal, eu não era o único Walter andando por ai. Walter é o irmão de Pietro, aquele louco que se entregava a cada emoção como se não tivesse outras pessoas no mundo... Pietro podia ter matado ele, mas ao invés disso o mandou para um hospício com um atestado falso de esquizofrenia. Pietro, sempre engenhoso e perspicaz... Como será que ele agiria vendo sua criadora chorar como seu irmão? Internaria ela numa clinica psiquiátrica também? E o que eu, Carlos Magno Vieira, o que eu faria? Sim, eu senti vontade de abandonar as bases sólidas que eu tinha e pedir perdão ao meu passado. Ta, realmente eu sei que eu precisava ter aprendido a usar a razão e nunca desprezarei meu próprio esforço, mas, talvez, naquele momento, eu tenha percebido o quão ridículo é querer fugir do ridículo. Talvez eu tenha sido brusco demais... E, assim, eu mergulhei de cabeça na terapia de choque que Marília estava me dando.

- Esse choro é tão bonito, Marília...- fiz um carinho leve no rosto dela e, gentilmente, pelo queixo, fiz com que ela erguesse a cabeça.- Esse choro mostra que você está sentindo o que está vivendo... Está integralmente envolvida no processo. Não esconda esse choro; não é uma vergonha chorar, talvez seja até um motivo de orgulho...- ela pegou carinhosamente na minha mão e foi como se tudo que minha família e a própria Felícia me alegaram a respeito da inutilidade deste choro se dissolvesse na minha mão.

Eu ainda me lembrava da dor que senti quando minha ex-namorada me disse que chorar não ia me trazer ela de volta e que eu tinha que parar de fazer drama. Creio que foi neste momento que toda a minha defesa começou a ser moldada de acordo com o parâmetro Pietro. Eu podia até aceitar minha família me dizer que Felícia não estava ali pra acompanhar toda a tristeza, mas a própria Felícia... Ela esperava que eu fosse ficar muito bem... Só agora estou realmente me curando de todo o mal que me causei pra sobreviver àquela separação. Só agora me sinto liberado pra me expressar, expressar as lágrimas é realmente uma conquista pra mim. Claro que, só agora, depois de toda ajuda mesmo que inconsciente de Marilia é que posso ver desse modo...

Marilia e Paulo ainda parecem discutir, parece que estão colocando tudo em pratos limpos. Marília com toda a certeza não gostou nada de como ele a havia tratado há pouco, com indiferença e ignorância, como se nem conhecesse ela. De certo, fazia ela se lembrar da madrugada de fevereiro que ela só queria apagar...

- Obrigada, Carlos...- disse ela com um olhar diferente, um pouco surpresa talvez, e apertando minha mão suavemente no rosto dela e, com o polegar, acariciou meus dedos. Aquele olhar foi diferente de tudo que eu já tinha visto, eu não consegui analisar totalmente até agora, talvez por que já nem queira mais. Parecia, sim, um olhar de espanto, mas não era isso, não só isso, por trás daquilo havia mais alguma coisa, uma expressão semelhante à de quem, em filmes, dá carinho por gostar realmente de alguém, mas será que isso existe mesmo?- ... Pena que o Paulo não é assim tão sensível... Sabe, Carlos, eu saí com tanta pressa naquela noite que esqueci de pegar o bendito pingente...- o olhar dela mudou, numa fração de segundos, pra um olhar de raiva, raiva de si mesma e do mundo todo.- Até hoje me pergunto como fui me lembrar só quando já estava praticamente na rodoviária e ai já era tarde demais. Ele não podia me ver sem aquela correntinha dourada no pescoço, era muito importante pra ele. Ele sempre disse que o pingente representava a nossa união por que ele tinha um igual e ele vivia me jurando que nunca tiraria aquilo do pescoço, enquanto estivesse comigo... E eu achava tão lindo que fiz a mesma promessa, como se promessas se cumprissem mesmo... Se ele soubesse que eu estava sem, com certeza terminaria comigo! Eu não podia deixar isso acontecer, eu não suportaria perder ele por um lapso de memória!- com certeza ela tem um ótimo domínio das palavras e muito conhecimento que estavam ofuscados pela depressão.- Abri o porta-luvas do carro e revirei tudo ali até encontrar um pequeno pingente que minha irmã havia me dado há muitos anos atrás e o coloquei no pescoço, a correntinha tinha a mesma cor e eu estava com uma camiseta normal, sem decote, assim ele veria só a corrente... Sei que mentir é feio, mas era pra proteger algo que valia a pena ser protegido... Um amor igual eu nunca vou achar.- ela suspirou e fez uma pausa.

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Continua... 9/2/12 às 15:00

Por favor comentem o que acharam do capítulo de hoje.

Abraços Ed