Bom dia!
Desejo que hoje, ao abrir os olhos, você veja apenas os sentimentos sinceros do mundo.
Afinal, são os sentidos abstratamente concretos que movem o mundo.
E é assim, te mostrando o lado de ser sensível, que eu quero mover o teu mundo!
Minha razão de viver tocar a alma com os dedos das palavras. Carinhos ou tapas, depende de quem lê
Bom dia!
Desejo que hoje, ao abrir os olhos, você veja apenas os sentimentos sinceros do mundo.
Afinal, são os sentidos abstratamente concretos que movem o mundo.
E é assim, te mostrando o lado de ser sensível, que eu quero mover o teu mundo!
Ser Poeta
Edgar Izarelli de Oliveira
Ser poeta é se perder
E achar-se, dentro da perdição,
Em vagas especulações
Dos mais sinceros enigmas
De um mundo sedento por respostas provadas.
Ser poeta é vagar constante,
Constantemente inconstante,
Num labirinto erótico,
Localizado entre a linguagem e sua sensibilidade.
Ser poeta é fugir, de livre e espontânea vontade,
Da brutalidade concreta das mentiras do mundo exterior,
É escapar para dentro de si e ali exilar-se,
Onde há formas superiores de expressão
E a força bruta dos dias pode nem existir.
É alinhar-se, por querer, com o delírio...
Ser poeta é mesmo ter grande quantidade de loucura
Nadando no sangue dos pensamentos.
Ser poeta é eleger, por gosto e necessidade,
A poesia como a dona dos maiores prazeres
E, para ela, estar sempre disponível e sempre amável.
E, nas madrugadas errantes, ter como corpo mais cobiçado
Flexibilidade da caneta bailarina e a suavidade da folha branca.
Ser poeta é querer fazer poesia de tudo,
Das coisas cotidianas até o que não cabe em palavras.
É querer versificar o irreal, o inimaginável, o impossível...
E isso, muitas vezes, atrapalha...
Mas acima de tudo ser poeta é nunca ser compreendido por quem mais se ama,
É achar em si a própria segurança e estímulo pra continuar...
Ser poeta é estilo de vida,
É casar-se com a arte escrita, casar-se com a poesia,
Essa mulher que, como todas as outras,
É metade santa e metade maldição,
Entre tantas outras metades que toda mulher apresenta.
E ser poeta é fazer da mulher amada a fonte de poesia!
Bom dia!
Desejo que hoje, e todos os outros dias, você esteja irresistível, fascinante e contagiante, ainda que estejas triste, e possa me inspirar.
Afinal, toda manhã, eu quero criar uma maneira de inundar exclusivamente o teu dia, te despertando dos sonhos, todo dia, com as águas reais da poesia.
E é assim, sendo apenas eu mesmo e deixando minha alma acariciar fluentemente tuas faces, que eu quero me encaixar na tua vida e em toda a tua expressão de vida!Equinócios em Claro (Folha Branca, Primavera, Madrugada)
Edgar Izarelli de Oliveira
Exploro mais uma folha branca,
Procurando as folhas coloridas do Outono,
Mas, acho que esqueci: é final de setembro,
Porém, estou preso ao ar primaveril do hemisfério sul.
As aves migratórias me são estranhas,
As flores, o sol, a luz, as roupas brancas na rua,
A limpeza abrindo espaço para que o Verão,
Aquele chato, espaçoso e fútil do Verão,
Possa voltar e, com aquela linda chuva de raios
(ao menos, a chuva continua linda nessa época enfadonha do ano),
Quebrar tudo que consegui construir de bom e confortavelmente quente
Durante a visita aconchegante e culta do meu querido Inverno.
E quanto de mim, ainda hoje, consegui salvar. Quanto ainda há pra ser salvo?
E para quê? Se o Verão vai levar tudo no primeiro temporal de novo...
Exploro essa folha vazia na tentativa de salvar parte do Inverno,
Algum prazer que me desperte amanhã,
Algum fôlego gemido, suspiro resmungado, pedindo mais um pouco,
Mais um pouco desse romance inteligente e diferente que ainda não terminei de ler,
Mais um pouco das coisas que redescobri, realinhei e reaprendi no Outono,
Um pouco mais dessa chama que conservei viva, escondida debaixo do cobertor,
Mas parece que um vazio imenso já está me preenchendo, me dispersando no ar.
Me entupo de sobremesas frias e chocolate meio-amargo,
Mas o sabor da constatação, bem mais amargo do que a metade do chocolate,
Parece que vai ficar na minha boca durante anos...
Eu ainda tento me equilibrar entre dias e noites, entre a doçura e o sarcasmo,
Mas de repente me parece que amadurecer significa aprender a beber
Café puro de manhã, chá gelado de boldo com carqueja, cerveja na padaria,
E esquecer o cappuccino, chá quente de cerejeira com mel nas tardes frias de Inverno,
E a taça de vinho de qualidade apurada depois de um bom jantar íntimo.
Amadurecer, de repente me parece ruim, de repente me parece perder as emoções
E ter um coração vazio guardado na geladeira ou no freezer, peça de carne,
Pra churrasco com festa na piscina da casa de praia...
Não estou disposto a fazer isso comigo mesmo.
Vou dar mais uma chance a alguma fada que ainda acredite na Primavera,
Assim como essa folha explorada durante toda uma madrugada ainda se compraz
E, de um jeitinho só dela, ainda me dá uma chance de escrever algo que valha a pena.
Não me deixe só, não agora, que a aurora ainda pode nos revelar algo de bom,
Alguma surpresa, voz de inspiração pra que alguma nova poesia floresça,
Trazendo novas pétalas de linguagem, novos sentidos para nós,
Invenções mais minhas ainda, quem sabe, mais nossas,
Só não nos deixe murchar em botão... Em botão, não!
Eu quero expor nossas emoções ao sol!
Um Aviso (Coma, Casulo, e Asas Negras)
Edgar Izarelli de Oliveira
Aviso na parede de um casulo negro:
Poesia não é sol, poesia é arte.
Poesia não abandona, não explode, nem some, nem trai...
Poesia nem sequer morre como minha estrela-guia fez há pouco.
Poesia apenas adormece e, ao que parece, entra em coma também.
E eu sinto que essa minha companhia vai tirar um longo sono...
Cansada de escrever cartas mal-apreciadas, minha mão bate a capa do caderno,
Minha alma, esgotada de tanto amar, pede para que o amor se retire de uma vez;
Mas conserva ainda a companhia nobre de um sábio e silencioso mago,
Um mestre sombrio e taciturno, que tranca porta de meu coração...
Agora quem está dentro ficará comigo durante um bom tempo,
Já os que saíram não poderão retornar até que eu desperte mais disposto...
Não sejamos assim tão drásticos e dramáticos, um dia um raio de sol terá de entrar!
Que vigiem as portas, janelas, rotas de escape, conselhos e segredos,
Quem me tiver uma lealdade diferente, chamada bom-senso.
E cantem as velhas liras aqueles que souberem o que passei para que elas descessem.
E que cuidem de mim somente quem o fizer por carinho verdadeiro, amizade, respeito,
E uma outra coisa que agora já não sei mais se existe ou não,
Mas, que antes de todo esse vendaval, tinha um nome ligado à arte sem cola,
Monocromia? Simetria? Silogismo? Sincronia? Sinceridade, eu acho... Era isso!
E que cuidem de minha alma sonolenta aqueles que conhecem seus desejos
Aqueles que sabem entender que ela diz em cada murmúrio distante...
As palavras que trazem os sonhos de um beijo longo, completo e imperfeito...
E que estes mesmos deixem alguns raios-de-sol, selecionados a dedo, me aquecerem.
Pra ver se alguma magia me desperta à arte das coisas escritas na parede de papel,
Mas, francamente, acho difícil aparecer nova paixão do lado de fora das cortinas.
Acho que tem mais chances de serem promovidas a sol as estrelas que ficaram.
Ou, vai ver, o mago consiga me encantar e me fazer sua esposa.
Boa noite poesia, durma bem, e não acorde tão cedo. Amanhã ainda é Setembro,
Ainda temos nove meses e um filho inteiro pra gerar, um mundo pra girar,
Até o próximo inverno começar a carregar de flores as cerejeiras.
Durma bem, e tranquila, que tem gente aqui olhando por você!
Tem gente aqui querendo ver minha alma feliz!
Qualquer dia, quando o tempo esfriar, abra as novas asas noturnas e voe!
Simplicidade egoísta?
Às vezes, uma palavra é suficiente pra desencadear uma profunda reflexão. Às vezes se trata de uma frase solta que capturamos na rede do inconsciente e guardamos. Às vezes a reflexão já está nos trilhos, mas andando lentamente e, de repente, aparece a palavra que nos afunda de vez... Foi o que aconteceu comigo hoje...
Depois de uma briga com minha companheira por causa de uma sensação que eu tenho de falta de carinho e excesso de bronca por parte dela, comecei a pensar se seria mesmo ela o problema ou se eu é que não aceito o jeito dela.
Na dúvida, procurei uma amiga que me conhece muito bem e com quem tenho pacto de sinceridade natural devido a irmandade amigável de nossas almas. Perguntei a ela se eu sou muito difícil de agradar, se sou muito complexo. Ela me respondeu que não, que gosto das coisas simples, das coisas que lembram a essência humana: pequenos gestos, atos sinceros.
Graças a essas palavras descobri uma coisa que me aterrou: Sim, é verdade que gosto das coisas simples, dos pequenos gestos sinceros, mas não de qualquer simplicidade ou qualquer gesto. Gosto de carinho, mas me lembrei que carinho tem várias formas de se mostrar (quantas vezes eu já não dei broncas em pessoas que amo porque, naquela hora, era o melhor que eu tinha pra dar ou achei ser isso o que a pessoa precisava?) e eu não sei aceita-lo em todas as suas expressões. Minha simplicidade é egoísta! Eu é que não aceito; eu é que me machuco.
Por outro lado, será mesmo tanto egoísmo se, às vezes, preciso de um abraço ou de um carinho no rosto? Todo mundo precisa disso de vez em quando, ao menos todos os que escolheram uma vida normal dentro dos padrões sociais. E aqui vai uma grande ironia, posto que dedico grande parte das minhas horas inventivas a quebrar paradigmas, não é mesmo? Então, como posso querer me inserir no meio deles? Devia estar feliz mesmo sem carinho... Ou melhor, em ter carinhos que se apresentam fora dos padrões convencionais e, no entanto, só consigo desafiar minha companheira a ser outra pessoa, eu a chateio demais, a enfado, e me frustro.
Não devia esperar dela algo que ela não tem para oferecer, devia aceitar isso e eu juro que já tentei, mas minhas lembranças insistem em trazer de volta tempos, não tão remotos assim, em que tinha o carinho que eu gosto e era muito feliz, porém, reclamava por falta de alguns detalhezinhos bobos. Pois bem, hoje tenho todos os detalhes que eu um dia sonhei, mas parece que falta a essência. Então acho que devia parar de machucar a mim mesmo e a minha companheira, principalmente a ela por quem tenho grande carinho; devia terminar a relação e deixar ela procurar alguém que a faça feliz, alguém que se encaixe com a personalidade forte dela. E, quem sabe, encontrar alguém que reflita mais minha natureza gentil.
Mas, se esse meu desejo por carinhos mais sensíveis for exigência do meu ego, eu estaria sendo mais egoísta do que eu posso suportar pra mim mesmo. Imagina, terminar com alguem que tem tudo que eu preciso só porque ela me da broncas certas, só porque tem um jeito diferente de me segurar. Porém, se for uma necessidade da minha alma, alguma coisa mais profunda, mais, sei lá, primordial e vital para minha felicidade... Então, eu não deveria temer mais nada...
Mas como saber, afinal, se meus desejos são a felicidade da alma ou capricho do ego? É uma reflexão tardia, mas que ainda pode mudar os caminhos do mundo.
E mergulho dentro de mim pra saber se minha simplicidade é mesmo egoísta ou se é minha descoberta que se finge de importante...
Karma Findado (Erros, Escolhas Certas e Esperanças)
Olha só como é deprimente a depressão:
Rasguei, entre sinceras lágrimas,
Tudo o que me lembrava a pessoa amada.
Cartas, número de celular, e-mail, perfis em redes sociais, retratos...
E conservei, como divinas relíquias,
As fotos da pessoa errada..
Seus desenhos, suas idéias, suas palavras...
Só me serviram para aumentar a minha ilusão.
O tempo passou e as memórias me trouxeram o que tentei expurgar de mim,
Aquilo que, na verdade absoluta, nunca rasguei:
O sentimento que as trevas de uma chuva de verão sopraram...
O tempo passou e minhas memórias me deram a certeza da qual nunca duvidei:
De baixo daquela casca fina de arte, magia e perfeição, havia só miragens e desenganos;
E sua imagem partida agora partindo já não significa muito diante da minha vida atual...
Ou, vai ver, nunca tenha sido mais que uma lembrança viva de algum passado sombrio
Que, ainda não devidamente resolvido, voltou para ser relembrado, revivido, repassado.
E, apesar disto, eu reafirmo minha escolha... A mesma daquela noite de tempestade.
A mesma diante da lua minguante de hoje: viver a minha vida presente,
Viver daqui para frente, viver o meu futuro da melhor maneira que eu puder,
Se é que, depois do encontro dos turbilhões do tempo, ainda me sobrou alguma coisa...
Separo, sem chorar, minhas roupas, minhas aventuras, minhas palavras sagradas,
Minhas decisões, minhas pequenas artes, minha alma, minha vida e meu amor sincero...
Vou tentar recomeçar, sem olhar pra trás, mas deixo na estante a caixinha mágica...
E arrebento as correntes desse karma separador, tarde de mais, admito...
Mas ainda tenho algumas moedinhas de Lugh pra pagar um táxi.
Me despeço dessa vida passada, fecho a porta e saio sorrindo forte.
Vendo as esquinas onde eu posso ter errado o caminho.
E se o mal não pode mais ser corrigido, desfeito ou esquecido,
Ainda me resta a esperança de, algum dia, ser perdoado,
Aceito como um erro humano, como qualquer um, como qualquer outro.
Erro de quem tinha a felicidade e se encantou com uma aparente perfeição,
Mas, no último instante, pode reavaliar tudo e fazer o certo...
E, quem sabe, um dia poder me entregar de corpo e alma,
Novamente, à pessoa que amo e ser aceito como sua metade.
Edgar Izarelli de Oliveira