Ser Poeta
Edgar Izarelli de Oliveira
Ser poeta é se perder
E achar-se, dentro da perdição,
Em vagas especulações
Dos mais sinceros enigmas
De um mundo sedento por respostas provadas.
Ser poeta é vagar constante,
Constantemente inconstante,
Num labirinto erótico,
Localizado entre a linguagem e sua sensibilidade.
Ser poeta é fugir, de livre e espontânea vontade,
Da brutalidade concreta das mentiras do mundo exterior,
É escapar para dentro de si e ali exilar-se,
Onde há formas superiores de expressão
E a força bruta dos dias pode nem existir.
É alinhar-se, por querer, com o delírio...
Ser poeta é mesmo ter grande quantidade de loucura
Nadando no sangue dos pensamentos.
Ser poeta é eleger, por gosto e necessidade,
A poesia como a dona dos maiores prazeres
E, para ela, estar sempre disponível e sempre amável.
E, nas madrugadas errantes, ter como corpo mais cobiçado
Flexibilidade da caneta bailarina e a suavidade da folha branca.
Ser poeta é querer fazer poesia de tudo,
Das coisas cotidianas até o que não cabe em palavras.
É querer versificar o irreal, o inimaginável, o impossível...
E isso, muitas vezes, atrapalha...
Mas acima de tudo ser poeta é nunca ser compreendido por quem mais se ama,
É achar em si a própria segurança e estímulo pra continuar...
Ser poeta é estilo de vida,
É casar-se com a arte escrita, casar-se com a poesia,
Essa mulher que, como todas as outras,
É metade santa e metade maldição,
Entre tantas outras metades que toda mulher apresenta.
E ser poeta é fazer da mulher amada a fonte de poesia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário