A Diferença
Edgar Izarelli de Oliveira
Encantar-se é enxergar rara beleza no que nos oferece apenas a incerteza
Disposta numa salva de prata de pequenas identidades misteriosas
Espelhadas nos olhos, gestos e sorrisos, no jeito de falar, no assunto e no desfecho.
É conhecer, de repente, partes da gente em outro mundo simétrico e diferente,
E admirar o rápido fluxo da dimensão temporal de se estar naquela companhia;
E, confundindo admiração com alegria, concordar com a destreza sinistra do presente
Que parece se anunciar em qualquer frase gentil dita no subjuntivo dos equívocos.
E, mesmo sabendo que é um erro, dar-se o benefício da dúvida que não nega nem firma,
Se permitindo ponderar penas e contra-sensos habituais aos medos de um reflexo,
E tentar, assim, equilibrar o peso das madrugadas velozes com a leveza dos sonhos,
Só pra saber se a ilusão vale a realidade ou se é no IN-verso que está a verdade,
A prova de quanto é passageira a inspiração fornecida através deste pseudo-insight.
Apaixonar-se é assumir riscos ignorando as consequências e as contradições;
É entregar-se sem pensar e precisar se perder cada vez mais num outro mundo
Que pode ser um corpo amistoso ou território enigmático, campo-minado,
Tumba de segredos ou cidade destruída por bombardeios consecutivos.
Apaixonar-se é se atirar cegamente e se viciar na arma química do desconhecido,
E, depois, virar muitas noites em coro de raivas, fazer uma dolorosa desintoxicação,
Mas acordar com a marca sorridente da esperança rubra de ter marcado o suficiente...
Apaixonar-se é mesmo aproximar-se e diluir fronteiras existenciais em poesias intensas
E ter medo de perder a mescla labiríntica das necessidades de reconhecimento,
Envolvendo-se numa trama confusa de sentidos flácidos que logo caem em desuso.
É sorrir para o medo e dizer arrogantemente covarde que ele não existe.
Mas amar, amar é superar-se e ir além, amar é fazer a diferença; é escrever romances!
Amar é amar-se antes, e querer tão bem, por querer mesmo, a presença do outro
Que se prefere dar a liberdade e assegurar confiante o porto seguro de seus abraços.
Amar o outro não significa abnegar-se, mas, sim, ter auto-estima em alta
Pra poder caminhar de mãos dadas formando um elo de estradas e pensamentos.
Amar é poder abrigar outro mundo inteiro dentro de si durante as tempestades,
É ser pilar forte que sustenta a cabana em pé perante os piores terremotos,
É ser farol e estrela-guia nas ondas apaixonadas de qualquer maremoto,
É estar sempre presente para assumir os medos, as ansiedades e as afirmações;
E, por pior que tudo possa parecer, amar é ter com quem contar pra enfrentar
O resto anônimo dos traumas psicológicos e das prisões que a vida erguer adiante.
E com essa diferença básica, quase que tão clássica quanto Shakespeare e Camões,
Agora tenho em mãos a poesia que te oferece e garante meu amor mais íntegro,
Pois, para te amar não preciso nem quero perder a poesia de encantos e paixões!
Maavilhosa e profunda como sempre..
ResponderExcluirAdoreiiiii!
lindo demais, amei
ResponderExcluir