EdLua.Artes

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sábado, 22 de maio de 2010

O Retorno de Saturno (parte 3)

Chegou o dia! Eu tinha me arrumado umas mil vezes, vendo que já estava compulsivo, eu saí e vim para a igreja, muito mais cedo que os outros. Cheguei aqui antes do meio-dia, o casamento seria às quatro da tarde... Resolvi rezar de joelhos para passar o tempo, bater um papo com vocês, Anjos, aproveitei pra pedir a Deus que a Vitória NÃO viesse... Desse dia em diante não acreditei mais nele! Meia hora depois de iniciada minha reza, ela chegou. Vitória chegou; nenhum dos amigos que convidei compareceu, mas ela veio, tiinha que vir! E ainda veio bem arrumada, pra causar o desastre, claro! Ela usava um vestido preto com detalhes em violeta... Estava irresistível!
Assim, estávamos nós dois, sozinhos numa igreja, com olhares recíprocos e silencio recíproco. Eu amaldiçoando Deus e praticamente me atirando aos braços de Vitória que, indiscretamente, vinha em minha direção com a mesma intenção. Ela chegou a mim, se ajoelhou diante de mim, pegou minhas mãos, me olhou nos olhos durante alguns segundos, depois fechou os olhos e me beijou. Depois de cinco minutos, ela parou o beijo e, olhando o fundo da minha alma com olhos gigantes e estrelados, ela colocou minha mão esquerda entre seus seios... Senti seu corpo quente, tentei tirar minha mão dali, mas ela me segurava bem, e não só com as mãos, ela me segurava com o olhar, com a cumplicidade daquele instante, com o sorriso, ela era totalmente mulher e isso podou toda a minha força e vontade de fugir dali.
- Sinta meu coração, Lucas, ele está batendo na sua mão, eu estou na sua mão inteiramente, acho que estou apaixonada por você... Eu te amo, Lucas! Você pode sentir?- disse ela em voz feminina e doce.
Eu estremeci. Vocês viram, não viram, meus Anjos? Eu estremeci, era a primeira vez que uma mulher, que não Stella, me dizia isso. Eu não pude responder nem me mexer, então resolvi sentir o coração dela, aquelas batidas fortes e compassadas, continuei calado, peguei a mão esquerda dela e a coloquei sobre o meu peito, meu coração batia igual ao dela, violento e incontrolável. Após alguns minutos, minha boca se mexeu...
- Parece que seu desejo é recíproco, Vitória!
Ela me abraçou tão forte que parecia dizer “Não vou deixar você escapar de mim!” e eu a correspondi, ela me beijou de novo, com mais paixão desta vez, querendo garantir a invasão do meu coração, e conseguiu.
- Lucas, foge comigo!
- Não posso, Vitória, o casamento já ta marcado, não posso deixar Stella!
- Mas, Lucas, você ama a mim!
- Amo demais! Mas tenho compromissos.
- Vai se casar por obrigação?
- Não... Acho que não...
- Lucas, a liberdade traz a felicidade!- disse ela se levantando e me estendendo a mão.- Por favor, deixa eu te levar pra um mundo de prazeres mais livres, não serei totalmente mulher se não tiver você, por favor!
- Vitória...
- Não diga nada...- disse colocando o dedo indicador nos meus lábios.- Você vai morar na minha casa, tenho casa própria, e enquanto você não arrumar emprego por lá, eu pago tudo, eu só quero você inteiramente pra mim, e sei que é isso que você quer... Então, vamos construir nosso mundo, Lucas?
Percebi que ela me queria de verdade, não pela insistência retórica nem pelos carinhos que me fizera até ali e nem pelas tantas investidas (recíprocas) que me dera na faculdade, nada disso me convenceu do amor dela. A verdadeira comprovação veio quando ela me puxou, me levantou, me levou a uma câmara mal-alumiada da igreja, me encostou numa parede, colocou minhas mãos em sua cintura e me beijou.

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