Recados
Quero dizer uma coisa a todos aqueles que esperam de mim um
pouco de romance.
Meu romantismo embruteceu,
Quando descobri que o mundo inteiro busca a facilidade de um
prazer imediato
E ignora a paciência que há de se ter pra compreender as
entrelinhas da companhia
Com toda a calma que lhe é exigida!
E a todos aqueles que esperam de mim um gesto gentil e sensível,
Eu digo que minha sensibilidade endureceu quando percebi:
Corações machucados viraram ossos quebrados.
Sentimentos são cicatrizados com gesso, estáticos numa
tipóia de gelo.
E, antes de começar a fisioterapia emocional,
É necessário desmantelar barreiras a marretadas!
E a todos aqueles que esperam de mim o valor de um sorriso
sincero...
Minha sinceridade empobreceu quando resolvi ser feliz a
qualquer preço,
Mesmo sem ter o apreço do afeto, mesmo sem mostrar
integridade,
Mesmo sacrificando virtudes e jogando o brilho da minha
felicidade no lixo!
E pra quem espera de mim uma palavra-chave certeira pra se
destrancar;
Sinto em informar, mas meu brilhantismo escureceu,
Quando encarei a frio o peso das experiências
E decidi parar de sentir e começar a pensar
Achando que isso me faria acertar todas as respostas.
E pra quem espera de mim um abraço quente e cheio de
esperança;
Me perdoe, mas minha esperança emudeceu
Quando caí na graça dopada com frieza de preferir a efêmera
ilusão
Do que a constante solidão de lutar com tanta força por uma
breve interseção
Entre o mundo onírico, o universo lírico e o concreto
satírico,
Para, no fim das contas, despencar do abismo abismado do
Abandono,
Colher flores amareladas de lembrança e soprar sementes no
campo das esperas!
Pra quem espera algo de mim, peço desculpas, não tenho tanto
assim para dar...
Tenho muita coisa pra compartilhar.
E pra quem espera por mim, peço que deixem de esperar!
Venham me buscar e me guiar pela mão,
Por que meus olhos embaçados já desviaram meus passos pra
outra dimensão!
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