"Escolhas
Vida normal: Passar meia vida estudando pra passar
na faculdade pra ter o diploma pra ter status pra ter trabalho fixo pra ter
dinheiro pra ter bens pra ter a mulher certa pra ter filhos pra sustentar,
envelhecer pra lembrar de ser um pouco feliz, depois esquecer e morrer.
Vida de artista: Sair da bolha, passar a vida TODA se
mantendo criança pra sempre estar apto a aprender a prática da própria vida pra
aprimorar sua arte pra, de vez em quando, conseguir um trabalho, pra, de vez em
quando, arranjar um dinheiro pra rodar pelo mundo pra conhecer pessoas pra, lá
um dia, achar que se conhece o bastante pra ser feliz sozinho pra aí então amar
verdadeiramente alguém pra firmar algum compromisso pra ter com quem partilhar
o aprendizado da vida e atingir a eternidade de ser lembrado e relido e querido
por tudo que sempre cultivou: a arte.
Agora, escolha: Estoure de vez a rolha e se permita
derramar a essência da existência numa incrível liberdade de apostar crenças
numa vida instável e perigosa, ou se contente com corrente que te leva a crer
na aparente segurança dos caminhos trilhados pelos passos perdidos, marcados
com lagrimas, dentro da bolha que vive com borrachas apagando borras e não
deixa uma só letra escrita na folha com a porra tão desejada e tão mal-encarada
da felicidade?
Edgar Izarelli de Oliveira"Boa tarde, Gente! O texto acima repercutiu bastante no face, desde que o postei lá, hoije, durante os debates, tive a idé de escrever uma série de contos em forma de depoimento pra analizar situações sociais... A série vai se chamar: Desabafos de uma Sociedade Anônima. O primeiro texto já está pronto e é esse aqui abaixo. Estou criando um novo marcardor para essa série. Abraços
Desabafo de uma menina de olhos escuros como a noite,
cabelos castanhos curtos e cacheados, que anda por aí usando um vestido lilás simples
de algodão e levando sempre uma bolsa grande o suficiente pra caber um caderno
de desenho:
“Eu amo escrever e quero fazer isso profissionalmente, mas
meus pais querem que eu faça medicina porque um médico ganha "mais"
que um escritor, eu detesto sangue, mas meus pais me colocaram, a custa da
própria saúde, nas melhores escolas contra minha vontade pra eu estudar
medicina e ter uma condição de vida melhor do que a deles... Todos os meus
amigos falam que me dou bem em biologia, mas poucos sabem que é por medo de
decepcionar meus pais, não é por prazer. Na verdade eu detesto biologia! Amo
artes, português, história, filosofia! Se eu falar isso pros meus pais, eles
não vão entender e vão brigar comigo... A única hora que tenho pra estudar
alguma coisa que eu realmente gosto é de madrugada e aí vem meu pai me mandar
dormir por que madrugada não é hora de ler! DETESTO ISSO, TENHO VONTADE MANDAR
ESSA MERDA PELOS ARES, FALAR MINHAS VERDADES! Só por que eles não gostam dos
artistas, dizem que são vagabundos, e um médico salvou a vida de meu tio uma
vez, lá nos raios que os partam do interior, agora eu tenho que ser médica! ABSURDO
ISSO! Mas, se eu falar, meu pai revida com um tapa na minha boca e baixa a lei
que eu devo salvar vidas pra agradecer a sorte que ele teve... Por que ele
mesmo não virou um médico então ele é inteligente. Gente, amo meus pais e sei
que eles querem o melhor pra mim, mas eu não vou ser feliz se seguir o que eles
acham que é minha felicidade! Hoje tive que falar que eu ia fazer um trabalho
na casa de um amigo e dar meu celular meu celular pra esse amigo me cobrir pra
poder vir pra cá, mas já estou ficando sem desculpas... Se eles me souberem que
estou me conhecendo com vocês, provavelmente vão me internar numa casa de
viciados em drogas e até provar que não uso drogas... Outro dia, mostrei pra
minha mãe uma poesia que escrevi pra tentar mostrar minha angustia, ela riu e perguntou
se eu não estava velha demais pra ficar brincando com palavras... QUE RAIVA! Eu
me mato pra deixar o mais claro e suave possível e eles ainda assim não
entendem! Eu queria ter o apoio deles pra fazer o que me deixa bem. Seguir sozinha
por um caminho difícil exige muita força, talvez seja mais fácil se render à
pressão... Esse ano presto vestibular, a pressão sobre meus ombros está maior
do que nunca, parece que minha vida se resume a passar ou não numa prova, o
sentido da vida em uma nota... Ridículo! Eu quero algo alem da mediocridade
dessa vida que já está embalada pra presente sendo distribuída, feito esmola,
pra população! Fogão, geladeira, casa, televisão, carro, celular, tudo tem que
ser da última geração senão não presta! Quanta banalidade! Vou boicotar tudo
isso e fazer uma boa escola de artes!”
Edgar Izarelli de Oliveira
Edgar Izarelli de Oliveira
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