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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Discussão Acadêmica


Discussão acadêmica: Oswald de Andrade escreve:
"Amor
Humor"
Pois bem, quando estudei literatura em Letras, os literatos discutiam como uma oposição, um choque; até pela divisão de versos. Na época me pareceu incontestável, mas, hoje, emocionalmente um pouco mais maduro e com a ajuda de um sopro de lucidez espiritual, me parece muito mais uma explicação simplista para o fenômeno do amor, tipo X=X... Algo por volta de: "O amor só existe onde também há humor". Melhor ainda, "Onde há humor pode haver amor". É como se o humor fosse, e realmente é, a plataforma que cria e sustenta o amor ou, mais profundamente, como se o amor coubesse dentro do humor. Não sei explico bem, mas, basicamente, para amar alguém é necessário haver admiração. O que CATIVA essa admiração é justamente o estado de humor do "objeto" amado e como este estado de humor interfere no nosso próprio estado de humor. Isso mesmo, ESTADO de HUMOR, não humor cômico, como aprendi na faculdade. Não é "Amor(coisa séria)  X Comicidade" o que está em jogo no poema, é simplesmente "Amor é simplesmente estado de Humor". Só que isso seria mais uma frase de efeito do que uma poesia, o que Oswald resolve com um mecanismo de linguagem que pode ser descrito em três passos. Primeiro, substitua o verbo da frase, que é de ligação, portanto, desnecessário ao entendimento da sentença, por uma vírgula: "Amor, simplesmente estado de humor". Depois corte o excesso de informação, o advérbio de modo é totalmente dispensável na linguagem simples de Oswald, “Amor, estado de humor”. Mas “estado de humor” pode ser expresso como “HUMOR”, assim temos: "Amor, humor". E, por fim, substitua a vírgula por quebra de verso. Não se precisa de pontuação para marcar o ritmo de uma poesia, o tempo de passagem de um verso a outro pode marcar o tempo da pontuação. E assim chegamos ao célebre:

"Amor
Humor"

Simples, não?

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