EdLua.Artes

EdLua.Artes
Blog mantido por Lua Rodrigues e por mim. Trata de Artes, Eventos Culturais, Filosofia, Política entre outros temas. (clique na imagem para conhecer o blog)

sábado, 7 de maio de 2011

Bom, aqui vai a poesia de Hoje...

Mas, antes, algumas palavras de explicação absurda.... faz tempo que não "falo" com vocês meus amigos. Bom, Começo do conto "Sonho de Outono", gostaram dele? Espero que sim... Não é segredo pra ninguém que meus contos falam de relações humanas em situações estranhas, geralmente vividas na pele por esse escritor que vos escreve. Certo, os personagens são inventados...
Esse conto tem, como qualquer outro, um objetivo. Quem gosta de ler meus contos sabe que procuro mostrar partes de pessoas que nem sempre são visíveis... Mas, nesse conto, o que está em foco não é a pessoa do Edson nem da Francesca, e sim a comunicação entre elas. Escrevi esse conto pra causar uma discussão sobre a comunicação... E, acreditem, eu precisava escrever na tentativa de entender o que aconteceu na cabeça de uma pessoa... Não consegui com o conto... teve que ser uma lição mais dura...
Ilustro-a na poesia a seguir! Espero que apreciem... E quero agradecer à pessoa que me fez entender tudo isso... Não posso dar nome, mas ela saberá que falo dela...

Somente Às Vezes, Compaixão...

Edgar Izarelli de Oliveira


Às vezes, acho que ninguém me entende!

Compaixão alheia quase sempre vem pela metade, ou menos,

Um terço, quem sabe, de orações pelo meu sofrimento...

Às vezes, é o bastante saber que existem pessoas e coisas pra se apoiar,

Ou para amortecer um pouco as dores da queda...

E, às vezes, só a teoria já basta pra entender os segredos que a compaixão não revela.


Às vezes, acho que entendo bem os outros...

Palavras, moderações, pensamentos e sensações não deveriam ser assim tão trincadas

A quem já é do ramo da escrita há tanto tempo...

Mas, a verdade é que minha compaixão é quase sempre tão incompleta

Quanto a que me é dada, nos momentos piores da vida.


Muitas vezes eu esqueço que sou apenas humano,

Muitas vezes desejo ser tratado como eu trato todos os outros.

Muitas vezes quero entender tudo que se passa dos dois lados do mar da comunicação,

Quero resgatar sentidos que não foram pescados, formas que se perderam no vento,

Explicações que naufragaram em palavras ditas com a sinceridade de uma interpretação poética...

Quero ver o que existe do outro lado do rio das palavras e ações fluentes da vida

E acho que acabo esquecendo que muitas coisas não adiantam nada para essa compreensão...


Às vezes, não adianta entrar num personagem do romance que estou lendo,

Ouvir longas histórias de pessoas mais velhas e experientes,

Assistir novelas, filmes, séries de tv, documentários científicos explicando banalidades,

Nem gritar ao mundo “eu entendi!” nas letras de canções que mostram as mesmas dores.


Às vezes, não adianta nada imaginar de maneira artística o que se passou...

Não adianta escrever contos ou versos, letras de canção...

Não adianta inventar causos e hipóteses que mostrem mil possibilidades...

Não adianta pintar quadros abstratos ou surrealismos, retratos de ilusões...

Não adianta desenhar linhas no escuro do teto da noite entrando no quarto...

Nem encenar a outra parte da peça em um teatro interno, cheio de fantasmas...


Não adianta nada a filosofia, o pensamento lógico, o cálculo

De todas as distâncias e dimensões, porcentagens, margens de erro,

Usar computadores celulares, ou outras invenções quaisquer, não!

Às vezes, não adianta nem dias vagos em deus boiando nas curvas do horizonte...

Nem fazer simulações e suposições, projeção, de você na pele do outro...

Tudo isso é só consolo e tentativa de entender outros mundos a partir do nosso...

Tudo isso é só especulação arbitraria e não serve nem sequer de binóculo.


Somente às vezes, para ver o outro lado do rio é preciso cruzar a ponte do olhar...

É preciso que alguém vire a mesa e jogue teu jogo contra você...

Tuas cartas, sentenças, intenções, táticas, estratégias, armadilhas, defesas e verdades...

Aí você se vê com as dúvidas e sentimentos do outro. Compaixão plena!

O que faço agora com minhas palavras, intenções e atitudes?

E, de repente, você conclui que nem você sabe lidar consigo mesmo...


Eu tive que passar pela brutalidade da prática

Já que a suavidade da teoria da regra de ouro nunca me disse nada...

E, pensando bem, até a poucas horas atrás, sempre me foi negada...


Mas se quer saber como eu me sinto, eu respondo que estou feliz!

Finalmente alguém falou minha língua secreta!

Encontrei alguém com quem posso ser eu mesmo

E que me desafia a enfrentar minhas próprias regras.


Mas estou triste, por que, finalmente, entendi a angústia que causei a tantos corações,

Durante a busca pelo bem desses mesmos corações, hoje tão cicatrizados!


E ainda me resta tanta coisa pra entender nesse mundo de relações encrespadas...

Que, agora, tenho até medo de sofrer...


Compaixão pela metade não basta pra se aprender a viver,

Mas talvez baste pra se ser feliz!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Um conto

Sonho de Outono

Edgar Izarelli de Oliveira

Era um final tarde de Outono, o chão triturado de folhas coloridas parecia refletir a luz alaranjada do poente, era maravilhoso... Encantador... Mas nem todos os casais presentes ali, naquela praça, pareciam concordar com minha descrição... A maioria aproveitava o encanto pra se beijar ou conversar coisas suaves e sem sentido, mas um casal, apenas um casal, insistia em permanecer intocado pela beleza e inspiração daquela tarde...

- Então foi pra isso que você me chamou aqui, Edson? Toda aquela história de querer me mostrar uma coisa maravilhosa era uma mentirinha travessa pra me fazer vim aqui e ouvir você me pedir desculpa pela milésima vez? – dizia uma jovem mulher aos berros enquanto se levantava ríspida e alterada do lugar distante de um banco.- Eu já disse e vou repetir mais uma vez, EU NÃO VOLTO ATRÁS, NÃO DESSA VEZ!!! ACABOU!!! Entenda, nosso amor está no passado. Eu te amei muito, mas você não me valorizou... Não soube me amar...- ela parou a frase parecendo zonza e sem orientação.

- Você tem toda a razão, Francesca, toda a razão... Eu não soube te dar o valor que você merece, eu procurava a perfeição, admito, tá bom? Mas eu posso dizer o mesmo, ou quase, de você. Posso dizer que você não soube interpretar nem minhas palavras, e olha que as escolhi com cuidado de mestre, nem minhas ações...- disse ele calmo e sereno ainda sentado, a atitude dele parecia até fria e calculista, mas pela gravidade das palavras, pude perceber que a emoção saia inteiramente. Ele a amava e ainda ama... Ele ia dizer mais alguma coisa, mas ela não permitiu.

- Ok, ME DIZ ENTÂO COMO ERA PRA MIM INTERPRETAR ISSO... – e fazendo aspas com os dedos, ela continuou, ainda mais brava.- Francesca, estou apaixonado por outra mulher, alguém que tem tudo pra me fazer feliz. COMO VOCÊ QUERIA QUE EU INTERPRETASSE ISSO, EDSON? Eu te amo, Francesca? Acho que não...- ela parou e ficou olhando para ele.

- A questão é que EU NÂO DISSE ISSO, ou, ao menos, não exatamente isso, Francesca. Não usei essas palavras, usei!? O que eu disse foi: Francesca, estou encantado por outra pessoa que parece ter tudo pra me fazer feliz...- replicou ele em tom corretivo e, de novo. foi cortado por ela antes de acabar a explicação...

- Que diferença isso faz??? Encanto ou paixão?? No final são dois nomes para a mesma coisa: amor! Você que se considera o craque em matéria de sentido deveria saber disso. – disse ela muito zangada.

- Por mais que possa vir a ser amor, encanto é leviano. Paixão é mais profundo. E se você quer mesmo falar de sentidos, amor, pensa que sentido tem o verbo PARECER TER, pense se é diferente de TER DE FATO. Por que, pra mim, o que eu disse foi meio que uma ironia... Séria, mas feita pra se ler ao contrário... E não é segredo pra ninguém que quem tem tudo pra me fazer feliz é você e mais ninguém, Francesca!- disse ele finalmente mais alterado e se levantando do banco. Ela riu um riso forçado e discreto.

- Quer dizer que eu entendi muito mal mesmo, heim... Sabe qual é a questão? A questão não é o que você disse, nem que palavras usou, nem o que quis dizer com elas, Edson. A questão é que nunca se deve dizer à sua namorada que está encantado por outra pessoa, mulher ou não... Não se deve dizer certas coisas que... Esquece... Você não entenderia nunca mesmo.- ela o olhou com tanta raiva que parecia que queria matá-lo.

- Certas coisas que a sociedade desaprova porque a maioria não consegue entender... Desculpa se não te considerei parte da maioria e achei que você fosse entender... Mas tem razão! Não se deve ferir a etiqueta e protocolo do amor nem mesmo se for pra defendê-lo.- disse ele com força.

- Defender??? Você destruiu tudo o que sentia por você. Tudo. Mas, mesmo assim, ainda quis te deixar um pouco feliz, e te deixei livre pra perseguir a garota dos seus sonhos. – disse ela ironicamente calma.- Vai ser feliz, ela te ama mais do que eu te amei, não é? Ela sabe te entender, não sabe? Ela tem tudo que eu não tenho, não tem? Desejo felicidade ao casal...

- Seria melhor ter escondido de você e deixar o encanto crescer ao ponto de se tornar uma traição, não é mesmo, Francesca?? Você me pediu sinceridade e eu dei. Realmente, você me deixou livre pra perseguir a garota dos meus sonhos, você!- disse ele olhando nos olhos dela.- Pouco importa as imperfeições ou perfeições, se o que vale é o amor... É você que eu amo! Sempre escolhi ficar com você. E mesmo quando tudo se quebrou por um ou dois erros... Eu continuo amando e escolhendo você, o amor mais verdadeiro e sincero. Encantos todo homem tem, poucos são os que assumem... É a diferença.

- Olha, Edson, nada do que diga ou faça vai mudar as mágoas que você me causou nesses últimos meses... Você me excluiu de todas as redes na internet...

- E sempre te adicionei de novo!- retrucou ele com muita força.

- Desligava o telefone quando eu te ligava...- continuou ela.

- E sempre ligava de volta chorando...- respondeu ele já com lágrimas nos olhos.

- Me escreveu uma carta pedindo pra mim te odiar... Eu gosto de você, não poderia te odiar nem se eu quisesse...- disse ela chorando e virando de costas para ele.- Eu vou embora, tá bom? É isso o que você quer, meu anjo, então tô saindo da sua vida! Queria poder ser sua amiga... Manter ao menos um contato com você, você é especial pra mim... E sempre será...- entre soluços, ela deu alguns passos, depois disse mais uma frase em voz tão chorosa que quase não deu pra entender.- Seja muito feliz.

Ele caiu de joelhos ao chão e disse também de dentro de um choro desesperado:

- Francesca, fiz tudo isso pra que você me esquecesse e fosse feliz, mas olha pra nós, estamos chorando ainda, eu só serei feliz com você! Entenda, pelo amor de Deus, Eu amo você!! Mesmo você tendo dito que eu seria capaz de te fazer mal pra que você voltasse pra mim. Mesmo você achando que eu não presto mais pra nada, que sou o dono da verdade. Eu não quero sua amizade porque te amo como mulher Francesca... Perdoa minhas loucuras, mas por você só tenho o amor que nos quer juntos pra casar!

- Eu te amava assim, agora cresce e percebe que acabou... Parece criança mimada ai no chão berrando...- disse ela se virando num olhar fuzilante,

- È isso que eu sou! Uma criança...- respondeu ele olhando ternamente nos olhos dela, não se importando de ser fuzilado.- Uma criança que precisa do teu amor!

Ela até pensou em partir, pensou em deixá-lo sabendo que algum dia ele se recuperaria, ou assim ela esperava, mas essa última frase a deixou curiosa e ela não sabia qual o motivo... Ela se aproximou dele, devagar e incerta, mais de uma vez se perguntando se aquilo era certo... Ela olha nos olhos dele e seus olhos mudavam muito depressa de expressão. Ora maltratavam-no com sessões de raiva, ora acariciavam-no com a ternura da fé, ora não tinham ação nenhuma. Mas, era fato... Ódio e Amor se misturavam tão bem... E ela se deixou voltar rindo e perguntando a ele o que significava aquilo: um homem feito admitindo ser apenas uma criança mimada. Ao que ele responde com a mesma cortesia da época em que se conheceram, ali mesmo, naquele banco de praça:

- Perto de ti, não adianta tentar ser adulto, pois, sinceramente, você me faz feliz feito criança correndo até cair... E a dor, a dor é infantil. Absurdo te perder porque quis nos proteger.

- É paixão pura...- disse ela abaixando os olhos para dentro de si.- Ou amor de verdade? Mas eu posso tentar... Um pouco de fé...

Ela estendeu a mão a ele e ajudou-o a se levantar, depois apontou pra uma folha caindo ao vento e depois apontou pra uma estrela bem brilhante, a primeira no céu daquela noite. Os dois se abraçaram e se beijaram. E era simples assim, perdoar e recomeçar, por que as certezas são folhas ao vento, mas o amor dos dois corações era uma estrela forte pregada ao céu. De repente acordei da minha fantasia, meu sonho de outono... E a realidade me lembrou que as coisas, por aqui, são diferentes...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Epifania- a descoberta de um ser

Epifania

Edgar Izarelli de Oliveira


Os tempos passaram, as coisas mudaram, você está com a certeza certa...

Eu estou no passado, eu sou um cavaleiro antigo a espera de uma donzela pra resgatar!

E, embora tudo tenha mudado, eu creio ainda na arte da alegria Celta!

E minha missão é ser esse passado nesse teu presente futurista e antiquado a cada dia.

Por mais longe que estejas, Milady, no tempo ou no espaço, estarei sempre contigo.

Quando precisares de um nobre medieval, basta entoar nossos cânticos secretos.


Eureca!

E, de repente, tudo faz sentido vago e inexpresso:

A alegação da diferença dos nossos tempos,

A barba longa, os cabelos crescidos, o porte e a inteligência...

A ligação com a divindade das almas, as flores, os cristais, as conchas e marés...

A magia, símbolos, as espadas e armaduras,

A poesia antiga que escrevo, os versos e as rimas ou métricas...

Conhecimentos abstratos se pegam no ar de uma canção...

As marcas de um jeito de viver as coisas mais intensamente,

Escrituras feitas com e por amor, tristezas, alegrias perenes ou morte, transformação,

A falta de musas internas com tantas se oferecendo nas esquinas de pedra...

O jeito de pensar, a maneira de sentir, as dúvidas e as certezas, o modo de agir,

Que ainda resguarda um pouco de cavalheirismo num mundo selvagem por natureza...

As virtudes nas quais acredito, a felicidade que busco, as confidencias...

O modo enfático e apaixonado da minha expressão, o modo de enfrentar as coisas,

As insistências inúteis de tropeçar com alguém que ainda crê na força das palavras,

As filosofias abandonadas, as dimensões e distâncias do sagrado, as lembranças...

A chuva de inverno, o gosto que a simplicidade lunar tem para mim, o Santo Graal!

A honra como ar, a sinceridade como sangue, a emoção como coração,

A crença como razão destinada a se cumprir, a fé faz a mente pura ou não...


E essa epifania, não me deixa outra escolha senão viver de esperanças,

Ou mudar tudo e renovar até arte da minha alma por novas lógicas de exclusão,

Ou, ainda, deixar tudo como está e acabar em pesadelo com cara de robô!